sexta-feira, 4 de junho de 2010

Entendendo a Dor no Cotovelo - Parte 3

Entendendo a Dor no Cotovelo – Parte 3: Lesões de Arremessadores
Eric Cressey

Embora o foco principal nos parágrafos que seguem sejam de beisebol, tenha em mente que muitas dessas questões também podem ser vistas em outros atletas de movimentos acima da cabeça (overhead athletes). Elas apenas tendem a serem mais prevalentes e ampliadas na população do beisebol.

Obviamente, lidando com cargas de caras do beisebol eu vejo um monte de problemas de cotovelo batendo na minha porta. A esmagadora maioria desse povo tem dor medial, mas também vemos uma boa quantidade de dor lateral. O que é interessante, no entanto é que em uma população de beisebol a maioria dos problemas é puramente de dor mecânica, ou seja, o desconforto normalmente se apresenta jogando, pois é difícil reproduzir a velocidade e as posições articulares presentes durante arremessos acima da cabeça ou com o braço ao lado (submarino).



A questão logicamente é, por que alguns arremessadores se lesionam medialmente enquanto outros se lesionam lateralmente ou até posteriormente?

Em outras palavras, para entender o porquê, temos que analisar as demandas de arremessar. E esta avaliação sempre leva de volta ao valgo e as forças de extensão (denominada por muitos, força de extensão em valgo) que se combinam para causar estragos em um cotovelo durante o lançamento.

Na fase final do lançamento – onde ocorre a máxima rotação externa (“deitar o braço para trás”)– existe uma tremenda força em valgo de 64 Nm no cotovelo, de acordo com Fleisig et al.



Como Morrey et al. determinaram, o ligamento colateral ulnar recebe 54% desta força em valgo – significando que ele está recebendo cerca de 35 Nm de força em cada arremesso. Isso tudo está muito bem até você perceber que em cadáveres como modelos o ligamento colateral ulnar falha em 32 Nm.

Se as forças em valgo são tão grandes que na realidade excedem a tolerância de carga do ligamento colateral ulnar, por que ele não se rasga em pedaços a cada arremesso?

É porque o ligamento colateral ulnar não trabalha sozinho. Ao invés disso, nós temos estruturas de tecidos moles (chamadas flexor ulnar do carpo e flexor radial do carpo) que podem protegê-lo. Por isso que cadáveres normalmente não arremessam nas ligas.

Tenha em mente que não é apenas o ligamento colateral ulnar que é estressado nesta posição de deitar o braço para trás. Obviamente a massa do flexor – pronador sofre muito abuso na transição da fase de armar para a de aceleração do arremesso. Esta é também uma posição extremamente vulnerável para o nervo ulnar, visto que ele segue através de um território complicado. Isto fala apenas ao lado medial das coisas, existe mais a considerar lateralmente.

A mesma força em valgo que pode causar estragos medialmente, aplica também aproximadamente 500N na articulação radioulnar durante a fase final do arremesso; que é cerca de 1/3 do stress total no cotovelo. Neste caso, uma imagem vale mais que mil palavras.



Então, as mesmas forças aplicadas podem causar lesões a um arremessador em múltiplas áreas (medialmente e lateralmente). O que geralmente separa os casos mediais dos laterais?

Deixe-me perguntar uma coisa: quando foi a última vez que você viu uma criança de 8 anos romper seu ligamento cruzado anterior do joelho?
Nunca.

Agora, quando foi a última vez que você viu uma criança de 8 anos quebrar um osso?
Acontece o tempo todo.

A mesma linha de raciocínio pode ser aplicada até o cotovelo do arremessador. O caminho de menor resistência – ou área de desenvolvimento incompleto – geralmente vai avariar primeiro. Em uma população mais jovem, vemos geralmente mais lesões laterais do tipo compressão óssea. Estes são normalmente problemas na placa de crescimento e “cotovelo da liga infantil”( Little League Elbow).



Enquanto que em atletas maduros os ossos se tornam mais resistentes, vemos mais problemas nos músculos/tendões, ligamentos e nervos no lado medial.

Esse não é sempre o caso, naturalmente você verá garotos com dor medial no cotovelo e arremessadores experientes com problemas laterais também. Apesar de tudo, isso geralmente é verdade.

Os problemas na fase de transição armação-aceleração seriam ruins o suficiente por si sós mas na verdade existe outro importante mecanismo de lesões para considerar: extensão do cotovelo.



A área lateral também assume uma força de cerca de 800N no momento que inicia a desaceleração do braço com o cotovelo estendido à frente, ocorrendo um choque postero-medial entre a ulna e a fossa do olécrano no úmero. Este contato osso com osso em altas velocidades (maior que 2,000 graus/segundo) pode levar à fraturas e corpos livres dentro da articulação.

2 comentários:

  1. Mestre, falei sobre cotovelo na Cinesio hj. Recomendei o teu blog e espero q os alunos observem as imagens e fiquem de queixo caido ( com o valgo obviamente)... abço

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  2. Valeu mestre. É as imagens impressionam, ainda bem que aqui bola a gente chuta kkkk

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