sábado, 15 de maio de 2021

Slack Muscular e Treino em Alta Velocidade

Mais um artigo que trata do conceito de Slack Muscular proposto pelo preparador físico holandês Frans Bosch, cujas ideias vêm ganhando popularidade no mundo da preparação física e reabilitação. Desta feita o autor tenta combinar o conceito de slack muscular em conjunto com uma abordagem de treinamento baseada na velocidade.

Já foram publicados artigos neste espaço a respeito das 2 abordagens:


Artigo Original: Muscle Slack and High Velocity Training: An Integrative Approach.



"Slack" Muscular e Treino em Alta Velocidade: Uma Abordagem Integrada
Max Schmarzo



Deficiente em Velocidade

A ideia de medir e treinar para sanar as deficiências de velocidade tem se tornado popular desde estudos recentes de J.B Morin e colaboradores. 

Em um de seus estudos, examinaram vários sujeitos e baseados em seus perfis de Força-Velocidade determinaram se eram deficientes na parte de Força do perfil ou na parte de Velocidade.

Uma vez determinada a deficiência, os sujeitos eram treinados usando métodos específicos enfatizando o componente velocidade do movimento:
  • Lenta para força máxima, e;
  • Rápida para velocidade do movimento.
Após o ciclo de treinamento do estudo, J.B Morin e colaboradores foram capazes de mostrar que métodos de treinamento específicos melhoraram o desempenho no salto vertical e equilíbrio geral nos perfis de Força-Velocidade (N.T: A imagem abaixo foi adaptada para o português para o melhor entendimento).


























Esse foi um dos primeiros estudos em larga escala que traçou verdadeiramente um perfil de força-velocidade, testou e treinou os indivíduos de acordo com suas necessidades individuais segundo este perfil.

A maior parte dos profissionais já entende que se alguém precisa ser mais forte tem de se aumentar sua força máxima, mas a ideia de treinar em altas velocidades tem ainda de ser amplamente estabelecida como efetiva. 

No entanto, após os métodos terem se mostrado efetivos no estudo, existe evidência científica que dá suporte ao uso de exercícios em alta velocidade para induzir a melhora no perfil força-velocidade.

O único problema em tirar conclusões a respeito de se os métodos de alta velocidade deveriam ser usados é o fato de que a velocidade é uma saída de informações (N.T: Um output). Aumentos na velocidade não ocorrem apenas por se mover rápido, mas existem adaptações fisiológicas desconhecidas em jogo.

Existem muitas suposições a respeito do que ocorre, mas nada definitivamente provado. Isso não quer dizer que o treinamento de alta velocidade é ruim, apenas que o treinamento de alta velocidade garante adaptações de alta velocidade.

De certo modo, ao realizar apenas movimentos de alta velocidade para consertar um problema de velocidade, o profissional está essencialmente trabalhando de trás para frente. Está pegando o subproduto e esperando que isso arrume o problema central. É verdade que agir dessa maneira é melhor do que não fazer nada.


No entanto, artigos recentes publicados por Frans Bosch podem ajudar os profissionais a terem um melhor entendimento de quais adaptações estão causando os aumentos na velocidade e quais as melhores maneiras de treinar para se obter estas adaptações, mesmo que os movimentos necessários a serem treinados não sejam de velocidade tão alta quanto se pensava.


Slack Muscular

Frans Bosch tem popularizado o conceito de slack muscular. Ele se encontra entre o primeiro estágio da taxa de desenvolvimento de força e a velocidade em que o músculo e o tendão vão de estarem "frouxos" até estarem "tensos". 

Quando um músculo não é ativado, está relaxado e existe uma uma "folga" no músculo e no tendão. Bosch usa a analogia de uma corda para auxiliar na descrição de como funciona o conceito de "Slack" Muscular.

Você está segurando uma extremidade de uma corda e a outra extremidade está atada a um carro, você é a origem e o carro é a inserção. Antes de puxar o carro a corda tem de estar tensa. Este é o ponto onde a corda passa de estar frouxa, arrastando no chão, a estar tensa, uma linha reta entre suas mãos e o carro.

Essa analogia é um sinônimo do processo das fibras musculares se alinhando da origem até a inserção.

A segunda parte dessa folga (N.T: Slack) é que agora a corda precisa tornar-se tensa o suficiente para que essa força possa ser aplicada ao carro. Nesse ponto, a corda passa de estar em uma linha reta, de suas mãos até o carro, para retesada, com você produzindo força na corda.

Isso é sinônimo de co-contração muscular produzindo força suficiente no tendão para que o músculo se torne tenso.

Bosch diz que alguns atletas têm dificuldade em produzir esta tensão e remover a "folga" rápido o suficiente (fase inicial da taxa de desenvolvimento de força) e isso pode prejudicar seu desempenho.

Em virtude dos movimentos ocorrerem extremamente rápido no esporte, a fim de gerar a maior força possível em um curto período de tempo, o atleta precisa remover a folga do músculo o mais rápido possível.


Influências no Treinamento

Bosch argumenta que qualquer movimento que ajuda na co-contração de forma "não-natural", e, portanto, na redução do "slack" muscular, pode ser prejudicial à melhora dos mecanismos de pré-tensão do corpo, porque essencialmente isso permite ao atleta trapacear no treinamento. 

Por exemplo, quando desempenha um agachamento com barra nas costas, a carga externa é aplicada na fase excêntrica, o que significa que os músculos estão extremamente ativos durante esta fase e o "slack muscular" já está superado quando quando o atleta se move na fase concêntrica.

No entanto, no esporte raramente existe uma carga externa durante a fase excêntrica. Ao invés disso, essa fase é extremamente rápida e não ativa co-contrações e mecanismos de redução do "slack muscular" da mesma maneira que uma carga externa.

Bosch argumenta que tais cargas externas podem ser benéficas nos estágios iniciais de um atleta, em virtude das mudanças fisiológicas positivas superarem as negativas, mas na medida em que um atleta progride, treinamento de força pesado pode ser prejudicial ao desempenho por reduzir a capacidade de superar o "slack muscular" com rapidez.


Juntando tudo

J.B Morin e colaboradores mostraram que o trabalho em alta velocidade pode ser uma ferramenta de treinamento efetiva para melhorar déficits de velocidade no perfil de um atleta. 

Bosch declarou que movimentos que aumentam as co-contrações e auxiliam em superar o "slack muscular" de maneira não natural podem prejudicar a capacidade de pré-tensão de um atleta em seu esporte, ao reduzir o desenvolvimento do estágio inicial da "Taxa de Desenvolvimento de Força" (N.T: Em inglês "RFD" - Rate of Force Development).

Pode-se supor que os aumentos na velocidade encontrados no estudo de J.B Morin estavam associados com um aumento nos estágios iniciais da "Taxa de Desenvolvimento de Força", em virtude de que quanto mais rápido se consegue desenvolver força, mais rápido ela pode ser disponibilizada e maior será a velocidade do indivíduo.

Ambos casos focam no estágio inicial da "Taxa de Desenvolvimento de Força" e quando combinamos suas ideias é possível obter mais clareza a respeito de como elas estão relacionadas. 

Lembre-se:
  • J.B Morin treinou uma saída de informações (N.T: Output) B Velocidade e;
  • Bosch advoga o treino de um mecanismo B Redução do "Slack muscular" (N.T: Ou "Folga do músculo").

É possível que a falta de velocidade no perfil de um indivíduo, seja na verdade apenas uma incapacidade de reduzir rapidamente o "slack muscular" (estágio inicial da Taxa de Desenvolvimento de Força). Se isso for verdadeiro, significa que fazer movimentos que enfatizam o início da Taxa de Desenvolvimento de Força possa ser o que traga mais benefícios.

Fazer movimentos de largada estática ou com pequenas amplitudes, a despeito de suas velocidades mais baixas podem ser uma melhor maneira de aumentar a velocidade.

Teoricamente a velocidade de movimento não deveria ser muito enfatizada, ao invés disso, as qualidades que influenciam a velocidade de movimento deveriam ser o alvo.

Quando analisamos o salto com contramovimento, a despeito de ter maior velocidade do que sua contrapartida estática, o agachamento com salto, sua maior velocidade de movimento é um subproduto de um tempo de movimento mais longo e de uma adição de pré-tensionamento e redução do slack muscular "não-natural" (não-natural em virtude de não haver tempo para maiores contramovimentos no esporte), o que significa que os reais mecanismos subjacentes de velocidade (estágio inicial da Taxa de Desenvolvimento de Força e redução do slack muscular) não estão sendo treinados.


(N.T: Salto com contramovimento).

(N.T: Agachamento com salto).

(N.T: Abaixo uma variação de salto com foco na redução do "slack muscular").


O objetivo do treinamento deveria ser por o foco nos mecanismos do movimento que aumentam a saída de informações (N.T: Output). Existem vezes em que movimentos de alta velocidade irão possuir de maneira inata qualidades que reduzem o "slack muscular", isso não garante que todos movimentos de alta velocidade irão treinar a redução do "slack muscular", como visto na comparação entre o  salto com contramovimento e o agachamento com salto.

É crítico que os profissionais entendam que saídas de informação (N.T: Outputs) são meramente produtos de muitas interações complexas. A fim de obter melhores saídas de informação estes mecanismos precisam ser entendidos e treinados.

Gostaria de agradecer a J.B Morin, Frans Bosch e suas respectivas equipes de pesquisadores. Suas descobertas têm ajudado a impulsionar o mundo da performance humana. Tenho muito respeito por ambos e fico muito empolgado para aprender mais à medida que eles continuam a avançar em suas pesquisas.


Citações:

Para Bosch

  • Van Hooren, B., Bosch, F. Influence of muscle slack on high-intensity sport performance: A review. Strength and Conditioning Journal, 2016.
  • Bosch, F. Strength Training and Coordination: An Integrative Approach. 2010.



Para Morin

  • Jimenez-reyes, P. Effectiveness of an ptimized training using Force-Velocity profile analysis. Conference: European College of Sports Sciences, Vienna, 2016.
  • Samozino, P., Rejc, E., Di Prampero, P. E., Belli, A., Morin, J. B. Optimal force-velocity profile in ballistic movements - Altius, Citius or Fortius? Medicine and Science in Sports and Exercise, 2012.
  • Samozino, P., Morin, J. B. Interpreting Power-Force-Velocity Profiles for Individualized and Specific Training. International Journal of Sports Physiology and Performance, 2016.

domingo, 28 de março de 2021

Desequilíbrio de Força entre Músculo e Tendão

Artigo de um preparador físico holandês chamado Bas Van Hooren, falando sobre como os protocolos de treinamento utilizados podem não beneficiar os tendões e mais, podem, em última instância, causar problemas.

Boa leitura.

Artigo Original: Imbalances in muscle and tendon strength and the relation with injuries and performance

                                                       

Desequilíbrio de Força entre Músculo e Tendão e sua Relação com Lesões e Desempenho

Bas Van Hooren

 

Muitos atletas participantes de esportes com cargas pliométricas têm experimentado dor nos tendões. A dor pode ser um indicativo de tendinopatia. Por exemplo: Muitos jogadores de voleibol têm experienciado tendinopatias patelares e muitos corredores tendinopatias no tendão calcâneo. Um desequilíbrio nas propriedades de músculos e tendões é uma possível causa para essa lesão.

Neste artigo, irei explicar por que esse desequilíbrio é a possível causa e como os tendões podem ser efetivamente treinados para reduzir esse desequilíbrio.

Nota: Este artigo é uma tradução de um artigo em holandês, acessível aqui: Van Hooren, B. Disbalans in spier-em peeskracht. Een oozark van peesblessures? Sportgericht, 2019.

 

Introdução

Tendões transmitem as forças dos músculos para os ossos, a cooperação apropriada entre músculos e tendões é importante para a melhor performance e prevenção de lesões. Quando um músculo contrai, o tendão será alongado após toda folga ser removida1.

(N.T: Folga, do termo em inglês “slack”. Foi publicado um artigo neste blog sobre o Slack/Folga muscular).

Se um músculo forte puxa um tendão relativamente fraco (maleável), esse tendão irá alongar (estirar) muito.



N.T: Adaptação da legenda original da figura. Imagem superior esquerda: Desequilíbrio entre as propriedades do músculo e tendão. Um músculo forte (grande área de secção transversa) puxa um tendão complacente, resultando em uma maior tensão no último. Imagem superior direita: Equilíbrio entre as propriedades do músculo e tendão. Contração do músculo resulta em menor estiramento do tendão.

Abaixo: Imagens de miscroscopia multifotônica de tendões de ratos submetidos a repetidos alongamentos. Adaptado de Fung et al4.

(A) Tendões não fadigados mostram fibras de colágeno paralelas, altamente alinhadas, sem desorganização da matriz.

(B) Em baixo estado de fadiga, a microestrutura do tendão é caracterizada por deformações retorcidas isoladas da fibra (KD - kinked deformation) que se estendem ao longo de várias fibras.

(C) Com fadiga moderada, aumenta a densidade dos padrões de danos na matriz e um alargamento do espaço entre as fibras (IS).

(D) Em caso de alta fadiga, existe séria desorganização da matriz, alinhamento ruim das fibras e um grande alargamento do espaço entre elas. Áreas com baixa intensidade de sinal sugerem afinamento das fibras (TH - fiber thinning) e descontinuidades mais severas da matriz (DC). Campo de visão 400mm.

 

Desequilíbrio devido ao treinamento

Tecidos musculares e tendíneos adaptam em resposta à carga mecânica e, portanto, são sensíveis a esse estímulo. O processo através do qual o estímulo mecânico é convertido em resposta bioquímica é chamado de mecanotransdução5. Essa resposta bioquímica assegura que a adaptação ocorra.

No entanto, o tempo de adaptação2,6-9 e o estímulo mecânico que propicia as adaptações pode diferir entre os tecidos (musculares e tendíneos)2,10-12.

Especificamente, recentes experimentos in vivo no tendão calcâneo em humanos mostrou que os tecidos tendíneos são treinados mais efetivamente usando cargas altas que induzem a maiores magnitudes de estiramento11,13,14,15.

Os experimentos mostraram que cargas de moderada duração (3 segundos de carga e relaxamento) resultaram em mais adaptações do que cargas de duração mais curta (1 segundo de carga e descarga) ou mais longa (12 segundos).

Os achados sugerem que o tecido tendíneo é menos responsivo à altas magnitudes aplicadas em curtas durações (Ex.: Exercícios pliométricos2) e minimamente ou não responsivo à cargas baixas. O treinamento, em particular grandes volumes de treinamento predominantemente pliométrico, ou uma intensidade mecânica baixa, como na reabilitação, podem levar a desequilíbrios nas propriedades de tendões e músculos e, portanto, eventualmente resultar em lesão.

 

“Grandes volumes de treino predominantemente pliométrico podem levar a desequilíbrios nas propriedades de músculos e tendões e eventualmente resultar em lesão”.

 

Existe evidência desses desequilíbrios?

Em um estudo transversal recente, Mersmann e colaboradores mostraram que jogadores de voleibol adolescentes (N.T: Homens e mulheres) exibiam um maior desequilíbrio na força muscular dos extensores do joelho em relação às propriedades do tendão patelar quando comparadas a indivíduos ativos de idade similar (N.T: Homens e mulheres)16.

(N.T: Estudo transversal, cross sectional em inglês. Nos estudos transversais não existe um acompanhamento, os dados são coletados naquele instante do tempo, ou seja, é uma espécie de fotografia daquele momento).

Comparados ao grupo de adolescentes fisicamente ativos (N.T: Mas não atletas), os atletas de voleibol adolescentes mostraram maiores flutuações na força muscular dos extensores de joelho que não foram acompanhadas por uma resposta adaptativa similar no tendão patelar durante o período de 1 ano7.


Os autores especularam que esse desequilíbrio poderia contribuir para o desenvolvimento de lesões no tendão patelar nessa população, devido ao efeito combinado de treinamento (pliométrico) e maturação2,7,8,17.

Desequilíbrios similares entre outros complexos músculo-tendão, como o gastrocnêmio/sóleo e tendão calcâneo, cabeça longa do bíceps femoral/semitendíneo e tendão conjunto, como resultado de treinamento e/ou maturação podem explicar algumas das lesões de tendão, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar isso.

(N.T: Anatomia da inserção proximal da cabeça longa do bíceps femoral, semitendíneo e o tendão conjunto - todo esse tecido tendíneo que se insere na tuberosidade isquiática. 

Legenda: IT: Tuberosidade isquiática (local de inserção do tendão conjunto); SM: Semitendíneo; LB: Cabeça longa do bíceps femoral; SM: Semimembranáceo; Quadrado: Porção tendinosa grossa de onde se origina a cabeça longa do bíceps femoral; Círculo: Porção muscular do semitendíneo presa ao tendão da cabeça longa do bíceps; Estrela: Porção tendínea fina do semitendíneo inserida na tuberosidade isquiática, logo medial ao tendão da cabeça longa do bíceps.

Imagem e legenda de: https://musculoskeletalkey.com/midsubstance-hamstring-injuries-in-the-athlete/)

Embora um tendão mais fraco em relação a um músculo mais forte possa levar à lesões, um tendão muito rígido em relação a um músculo mais fraco também pode. Quando uma força externa alonga um tendão rígido (Por exemplo, o tendão calcâneo durante o contato com o solo na corrida), ele irá alongar menos e transmitir mais alongamento a uma maior velocidade para as fibras musculares. Isso pode levar à lesões musculares. 


Portanto, o equilíbrio entre as propriedades do músculo e da perna é importante para prevenir lesões.

 

Desempenho esportivo

Além das lesões, um tendão muito complacente também pode reduzir o desempenho em virtude de que as fibras musculares irão experimentar menos resistência e, portanto, irão encurtar mais rápido. Como resultado, as fibras musculares trabalham em um relação força-comprimento-velocidade menos favorável, o que em última instância resulta em menos produção de força ou mais uso energético para produzir a mesma força18.

Por outro lado, um tendão muito rígido também pode resultar em perda de performance porque pode armazenar menos energia elástica.

Prevenir desequilíbrios é, portanto, benéfico sob ambas perspectivas: Prevenção de lesões e aumento do desempenho.

 

O que podemos fazer para prevenir esses desequilíbrios?

Um desequilíbrio nas propriedades do músculo e da perna pode ser prevenido ao se fazer treinamento com alta resistência regularmente. A fim de ser efetivo para o tendão, os exercícios devem ter várias características.

 

Carga mecânica

Experimentos in vivo no tendão calcâneo humano mostram que a magnitude de estiramento de aproximadamente 5% é ideal para treinar a rigidez do tendão13,14. Isso corresponde bem aos achados de um modelo recente de tendão in vitro, onde uma magnitude comparável de estiramento levou a um maior aumento na fosforilação (ativação) de uma proteína (ERK1/2) envolvida na produção de colágeno19.

Em ambos experimentos, in vivo e in vitro, menos estiramento levou a menos adaptações/fosforilação. Para obter estiramento suficiente de um tendão, o músculo tem de contrair fortemente. Um peso >85-90% da máxima contração voluntária (1 repetição máxima/1RM) leva a uma forte contração muscular e um estiramento suficiente do tendão (aproximadamente 5%) que, por sua vez, fornece um forte estímulo para adaptação2,15.

Uma contração muscular mais fraca, em combinação com uma grande amplitude de movimento também leva a um estiramento suficiente, mas também pode levar a mais compressão, que é um fator de risco para tendinopatia20. É preferível uma menor amplitude de movimento com uma forte contração muscular.

 

Duração da carga

Em cargas com duração muito breve, como no treinamento pliométrico (Ex.: Tempo de contato com o solo de aproximadamente 200 ms), o estiramento não é transmitido de forma muito efetiva em nível celular, devido a mecanismos como a rotação e deslizamento das fibras do tendão, reduzindo o estímulo de adaptação. Em outras palavras, não há uma mecanotransdução efetiva.

Estudos in vivo mostram que uma contração de cerca de 3 segundos, seguida de um período de descanso de 3 segundos leva à adaptações no tendão, sugerindo que ocorre uma mecanotransdução eficaz11,13,14,15.

Estes estudos também mostraram que uma contração com duração de 12 segundos não tem benefício extra. Esses achados concordam com a pesquisa in vitro, onde a fosforilação da proteína envolvida na produção de colágeno foi mais alta com a duração de 2 segundos da contração19. Contrações mais curtas (1 segundo) e mais longas (10 segundos) resultaram em menor fosforilação.

Os estudos sugerem que uma duração de contração de aproximadamente 3 segundos é a ideal para alcançar adaptações no tecido tendíneo (saudável).

 

Período de descanso

Infelizmente, nenhuma pesquisa in vivo foi feita para investigar o período de descanso entre as séries ou sessões de treinamento do tendão. No entanto, em virtude dos estudos in vivo e in vitro concordarem razoavelmente bem com relação à intensidade e duração da carga ideais, os estudos in vitro podem fornecer alguma informação sobre o tempo de descanso ideal entre sessões de treinamento.

Nesses experimentos, o tecido tendíneo foi retreinado após vários períodos e após um período de cerca de 6 horas de descanso, a proteína foi novamente maximamente responsiva ao estiramento19,21. Os achados sugerem que é requerido ao menos 6 horas de descanso entre sessões de treinamento que tem o tendão como alvo.

 

Outras considerações

Embora o tipo de contração (concêntrica, excêntrica ou isométrica) não seja de primária importância em induzir adaptações mecânicas para os tendões, é importante considerar algumas vantagens e desvantagens de diferentes métodos de treinamento15,22,23.

No treinamento dinâmico (concêntrico-excêntrico), o tendão experimenta altas forças somente durante um curto período do exercício, devido à mudança nos braços de momento. É, portanto, recomendado estender a duração desses movimentos para cerca de 6 segundos, para que o estímulo seja longo o suficiente para uma mecanotransdução efetiva2.

Também é possível sustentar uma posição em que as forças no tendão são as mais altas (por exemplo, por volta de 60º graus de flexão do joelho em um agachamento com barra nas costas para o tendão patelar) por uma curta duração, a fim de estimular o tendão.


(N.T: Mais ou menos como na imagem acima, manter uma sustentação na posição de 60º de flexão do joelho. A imagem mostra um indivíduo agachando em cerca de 100º, ao lado a angulação ideal fornecida pelo autor do artigo).

No treinamento isométrico, é recomendado treinar próximo ao comprimento ideal, porque é onde mais força pode ser produzida, resultando em altas forças no tendão. A vantagem do treino isométrico é que a duração e intensidade podem ser controladas mais facilmente na comparação com exercícios dinâmicos. Os Exercícios também são modificados de maneira mais fácil para evitar compressão no tendão, já que isso é um fator de risco para tendinopatia20.

Por exemplo: Treinar o tendão calcâneo próximo à posição neutra do tornozelo e treinar o tendão proximal dos isquiotibiais com o quadril neutro e o joelho quase completamente estendido na Roman chair pode resultar em altas cargas mecânicas, mas evita excessiva compressão do tendão.

(N.T: A primeira imagem abaixo mostra um exercício isométrico para o tendão calcâneo usando a polia, com o tornozelo em posição neutra. A segunda mostra um exercício para os isquiotibiais usando uma máquina que em inglês se chama "Roman chair", cadeira romana em uma tradução literal. Se o objetivo fosse o estímulo à força do tendão ele estaria segurando uma barra com uma alta carga, ao invés de uma anilha de 10kg).



Além disso, existem indicações de que contrações isométricas têm um efeito de redução de dor mais forte do que contrações dinâmicas24,25, embora esse fato não seja confirmado por todos estudos26.

Quando desempenhar exercícios isométricos, é recomendado aplicar esse treino 3x/semana com cerca de 2 minutos de descanso entre as séries, usando o protocolo mostrado abaixo (N.T: Adotado de Bohm et. al.15)



(N.T: CiVM – Contração isométrica voluntária máxima).

 

Comparação com os protocolos existentes

O exercício tradicional para panturrilha (N.T: Aquele em pé, fazendo a flexão plantar em cadeia fechada, popular nas academias) é frequentemente prescrito como tratamento para tendinopatia do tendão calcâneo. Embora esses exercícios sejam razoavelmente efetivos em tratar e prevenir tendinopatias, a carga mecânica frequentemente é baixa (<85-90% de uma repetição máxima – 1RM), em particular para indivíduos bem treinados.

Tem sido sugerido que esses protocolos com baixa carga mecânica, como no exercício tradicional para panturrilha, podem levar a um maior desequilíbrio nas propriedades do músculo e tendão, em virtude de que o stress de baixas cargas mecânicas tem mais efeito no músculo do que no tendão2.


Tais protocolos, portanto, não são os ideais para o treinamento do tendão e podem necessitar ser substituídos por outros que assegurem uma carga mecânica mais pesada no tendão. Uma revisão sistemática recente, também descobriu que o treinamento de força pesado tem potenciais vantagens sobre o treinamento puramente excêntrico para a tendinopatia no tendão calcâneo, embora a magnitude do efeito seja bem pequena27.

 

Stress-relaxamento

Recentemente, vários estudos usaram uma contração relativamente longa no tratamento da tendinopatia25,26,28,29,30.

Por exemplo: Rio et.al.25 descobriu que 5x45 segundos de contrações isométricas a 80% da contração isométrica voluntária máxima levou a um alívio agudo da dor e também reduziu a dor no longo prazo em indivíduos com tendinopatia patelar.

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N.T: O estudo referido acima, de Rio et.al., foi um ensaio clínico randomizado, cegado, com jogadores de voleibol e basquetebol, homens e mulheres, maiores de 16 anos, com tendinopatia patelar. A dor foi avaliada usando uma escala de 0-10 durante a execução do teste de agachamento unilateral declinado – vídeo abaixo.


A intervenção consistiu de 4 semanas de dois protocolos de treinamento:

1 – Um grupo fazia extensões de joelho na máquina utilizando um protocolo de treino dinâmico (concêntrico/excêntrico).


O tempo de execução de cada repetição foi programado para igualar o tempo sob tensão do grupo que treinava isométrico.

2 – O outro grupo fazia extensões de joelho na máquina utilizando um protocolo de treino isométrico (com sustentação na angulação do joelho de 60º).

CiVM: Contração isométrica voluntária máxima.

Não usaram nenhum grupo controle no estudo.

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Outro estudo achou alívio da dor em indivíduos com tendinopatia patelar com um protocolo similar ao estudo acima mencionado (isométrico ou dinâmico), mas a redução da dor não correspondeu a uma mudança na estrutura do tendão30. No entanto, uma pesquisa recente descobriu que não houve alívio agudo da dor ao usar um protocolo isométrico similar em indivíduos com tendinopatia no tendão calcâneo26.

A duração da contração usada nesses estudos é mais longa do que o ideal, com base nos estudos discutidos anteriormente e, portanto, pode se questionar se esses protocolos são os ideais.

No entanto, os estudos in vivo previamente discutidos foram feitos em tendões de pessoas sem tendinopatia e o estudo in vitro foi realizado com um pedaço de um tecido tendíneo saudável. Na tendinopatia, no entanto, pode haver dano ao tecido31,32, embora nem todos estudos tenham encontrado isso33.

Quando se coloca carga em um tecido danificado, o tecido forte e intacto do tendão protege o que não é tão forte e está danificado. Esse efeito é também chamado de “proteção contra estresse” (N.T: Stress shielding). Quando é posta carga no tendão, o tecido saudável será mais sobrecarregado e o tecido danificado não será idealmente estimulado a fim de se adaptar.

A fim de colocar carga no tecido danificado, podemos usar o efeito stress-relaxamento. Stress-relaxamento é uma propriedade de materiais viscoelásticos, como os tendões, e se refere à diminuição de tensão ao longo do tempo com um estiramento igual, devido à mecanismos como deslocamento de água e deslizamento de fibras28,34.

Em virtude das fibras de colágeno não danificadas relaxarem lentamente, o tecido danificado recebe mais carga e é estimulado a se adaptar. Uma grande parte desse efeito é alcançado dentro de 30 segundos34. Contrações mais longas podem, portanto, ser necessárias em casos de tendinopatias, a fim de colocar sobrecarga e estimular o tecido danificado a se adaptar.

Em contraste com as sugestões, mudanças na estrutura do tendão não foram encontradas após 4 semanas de treinamento com essas contrações mais longas, a despeito de melhoras na dor30. Embora isso possa indicar que as mudanças estruturais ocorrem em uma escala menor do que a resolução atual das técnicas de ultrassom, isso também pode indicar que esses protocolos não são muito efetivos para estimular a adaptação do tecido tendíneo (especialmente os danificados).

Além das mudanças nas propriedades mecânicas do tendão, o stress pode causar mudanças na dor e no controle do sistema nervoso central35. Essas adaptações podem ser melhor treinadas com um protocolo onde exista uma duração mais longa da contração. No entanto, ainda faltam pesquisas onde essa hipótese seja investigada.

Independente do mecanismo subjacente, parece sábio (também) usar contrações mais longas em indivíduos com tendinopatia, especialmente porque as mudanças na estrutura do tendão (e das propriedades mecânicas) nem sempre estão correlacionadas com a dor30,36.

 

Gelatina

Foi demonstrado recentemente que tomar 15 gramas de gelatina em combinação com aproximadamente 225 miligramas de vitamina C (de cerca de 30 ml de suco de laranja) 1h antes de um protocolo de treinamento levou a um aumento na síntese de colágeno, comparado a ingerir um suplemento placebo28,37.

Esse suplemento pode ser usado na prevenção de lesões ou durante a reabilitação28, em combinação com os protocolos de exercício previamente descritos.

Um estudo recente com 18 participantes, mostrou que a terapia através de exercício (2x/dia de 90 repetições de exercício excêntrico de panturrilha tradicional) para tendinopatia do tendão calcâneo produziu melhores resultados quando combinada com 2,5 gramas de gelatina, ingeridas 30 minutos antes dos exercícios (e novamente no final do dia)38.

É importante notar que a quantidade de proteínas pode variar entre métodos de preparação e para obter proteínas suficientes são preferíveis os suplementes com doses padronizadas39.

Além disso, 15 gramas de gelatina resultaram em uma maior síntese de proteínas do que 5 gramas e o pico de concentração de proteínas se deu uma hora após a ingestão37, sugerindo que 15g de gelatina podem ser mais benéficas quando ingeridas 1h antes do exercício.

 

Conclusão

Desequilíbrios de força entre músculo e tendão pode levar à lesões, mas potencialmente podem ser prevenidos por incluir regularmente uma rotina de exercícios com altas cargas.

 

Referências

1 - Van Hooren, B., Bosch, F. Influence of Muscle Slack on High-Intensity Sport Performance. Strength Cond J. 2016.

2 - Mersmann, F., Bohm, S., Arampatzis, A. Imbalances in the Development of Muscle and Tendon as Risk Factor for Tendinopathies in Youth Athletes: A Review of Current Evidence and Concepts of Prevention. Front Physiol. 2017.

3 - Pol, R., Hristovski R., Medina, D., Balague, N. From microscopic to macroscopic sports injuries. Applying the complex dynamic systems approach to sports medicine: A narrative review. Br J Sports Med. 2018.

4 - Fung, D. T., Wang, V. M., Andarawis-Puri, N., Basta-Pljakic, J., Li, Y., Laudier, D. M et al. Early response to tendon fatigue damage accumulation in a novel in vivo model. J Biomech. 2010.

5 - Khan, K. M., Scott, A. Mechanotherapy: How physical therapists’ prescription of exercise promotes tissue repair. Br J Sports Med. 2009.

6 - Kubo, K., Ikebukuro, T., Yata, H., Tsunoda, N., Kanehisa, H. Time course of changes in muscle and tendon properties during strength training and detraining. J Strength Cond Res. 2010.

7 - Mersmann, F., Bohm, S., Schroll, A., Marzilger, R., Arampatzis, A. Athletic training affects the uniformity of muscle and tendon adaptation during adolescence. J Appl Physiol (1985). 2016.

8 - Mersmann, F., Bohm, S., Schroll, A., Boeth, H., Duda, G. N., Arampatzis, A. Muscle and tendon adaptation in adolescent athletes: A longitudinal study. Scand J Med Sci Sports. 2017.

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