terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Subsistema Oblíquo Posterior

Continuando com a adaptação da série dos subsistemas, desta vez apresentando o Subsistema Oblíquo Posterior.

Aos que não leram os artigos anteriores:
Subsistema Longitudinal Profundo.

Subsistema Oblíquo Anterior.
- Subsistema Lateral.

Link do artigo original: Posterior Oblique Subsystem  





Subsistema Oblíquo Posterior

Brent Brookbush


O Subsistema Oblíquo Posterior é composto por:
  • Latíssimo do Dorso
  • Fáscia Toracolombar
  • Glúteo Máximo Contralateral
  • Glúteo Médio
  • Nota: O glúteo médio não é tradicionalmente visto como parte do Subsistema Oblíquo Posterior. No entanto, baseado nas minhas considerações de anatomia, função, pesquisas disponíveis e observações na prática, adicionar este músculo ao subsistema adiciona congruência ao nosso entendimento de sinergias musculares, comportamento motor e modelos preditivos de problemas de movimento. 

(N.T: Abaixo, uma outra representação do Subsistema Oblíquo Posterior, esta dá uma ênfase à articulação sacroilíaca, que é parte deste subsistema).
Glúteo máximo, Latíssimo do dorso, fáscia toracolombar, articulação sacroilíaca


Dissecação do latíssimo do dorso, fáscia toracolombar, glúteo máximo e porção superior ou glúteo médio



Função (resumida):

Estabilização da cadeia cinética posterior (incluindo a coluna lombar e a articulação sacroilíaca), transferência de força entre as extremidades superior e inferior, movimentos integrados (todo corpo) de puxar, "rotação externa" da cadeia cinética, desaceleração da pronação do corpo.


(N.T: Quando se refere à rotação externa do corpo, ou supinação global, diz respeito ao movimento de giro, como quando um jogador de futebol está de costas para o gol adversário, gira e corre em direção ao gol. A pronação global, ou rotação interna, seria o movimento contrário.
Outra função 
do Subsistema Oblíquo Posterior é a sua contribuição na marcha, mais especificamente na propulsão do corpo à frente, o que caracteriza sua função concêntrica durante o ciclo da marcha. Na foto abaixo, o subsistema oblíquo posterior esquerdo, latíssimo do dorso esquerdo e glúteo máximo direito, têm a responsabilidade de impulsionar o corpo à frente).




Artrocinemática Funcional:

Este subsistema é um importante estabilizador da cadeia cinética posterior. O arranjo especial de suas fibras implica um papel especial na artrocinemática da articulação sacroilíaca e função lombosacral.

As fibras de cada lado correm perpendiculares; começando no glúteo máximo e fáscia associada, cruzando a articulação sacroilíaca através da quase contínua fáscia toracolombar, seguindo cruzando a coluna lombar até o latíssimo do dorso do lado oposto e sua fáscia associada.

Durante a fase de balanço da marcha, o controle excêntrico da perna e braço oposto (N.T: Função de desaceleração ou de "freio"), puxa a fáscia toracolombar, fazendo com que fique tensa. Concorrentemente, o subsistema oblíquo posterior do lado oposto (perna e braço oposto) contrai de maneira concêntrica, a partir do primeiro contato do calcanhar, através da fase de apoio, culminando com a saída do hálux do solo, o que por sua vez faz com que a fáscia toracolombar do lado oposto fique tensa (N.T: Função concêntrica ou de aceleração).
Quanto mais intenso (maior velocidade) for o movimento, maior a força colocada sobre  a fáscia toracolombar e maior a rigidez desta estrutura. Este fenômeno assegura estabilidade da coluna lombar, articulação sacroilíaca e melhora a transferência de força de proximal para distal.

A função otimizada do subsistema oblíquo posterior para estabilização do complexo lombosacral desempenha um papel especial na manutenção de uma postura ideal e será discutido abaixo em relação ao comportamento motor. Isto pode nos dar uma dica do porque dor e disfunção são tão comuns em uma articulação sacroilíaca "estruturalmente" estável.


(N.T: Na foto acima, a linha amarela mostra a função excêntrica daquele subsistema oblíquo posterior, ajudando a desacelerar o balanço da perna esquerda e braço direito. A linha vermelho mostra o outro subsistema oblíquo posterior desempenhando um função concêntrica, auxiliando na propulsão da perna direita e braço esquerdo, o que faz com que o corpo seja impulsionado à frente).



Função Integrada:

Os músculos que compõe o subsistema oblíquo posterior estão entre os maiores do corpo. Como mencionado acima, estes músculos desempenham um papel na transferência de força entre as extremidades inferior e superior e estão envolvidos em todos padrões de movimento de puxar e rotacionais. Alguém poderia argumentar que esta função não é tão importante quanto sua função concêntrica. Estes músculos funcionam como desaceleradores da "pronação global do corpo" (flexão e rotação da coluna, flexão, adução e rotação interna do quadril). A cada vez que aterrissamos de um salto, somos empurrados pelas costas, damos um passo fora do meio fio da calçada ou nos abaixamos para pegar algo do chão, é este subsistema, junto com o subsistema intrínseco de estabilização que assegura uma estabilidade ideal de nosso complexo lombopélvico/quadril.


Comportamento Motor:

O Subsistema Oblíquo Posterior pode ser apelidado como: "O subsistema quase sempre hipoativo". 
Este subsistema aparece sub-ativo em disfunções:

Comumente, a hipoatividade deste subsistema é acompanhada por uma dominância sinergística do subsistema longitudinal profundo e em casos de disfunções do membro superior e da parte inferior da perna é ainda inibido pela dominância do subsistema oblíquo anterior.

A evidência da dominância do subsistema longitudinal profundo pode resultar em joelhos para dentro, joelhos para fora, pés em rotação externa ou uma distribuição de peso assimétrica na avaliação do agachamento profundo com os braços acima da cabeça (N.T: Overhead squat), onde a dominância do subsistema oblíquo anterior pode resultar em uma cifose excessiva, flexão da coluna ou uma inclinação excessiva do corpo a frente, especialmente quando os braços estão para baixo. 

A dominância do subsistema oblíquo anterior e a hipoatividade do subsistema oblíquo posterior são mais dramáticas em indivíduos que exibem disfunção do membro superior, e aqueles que se apresentam com disfunção da parte inferior da perna que resulta em uma excessiva inclinação à frente. 

Em uma ligeira variação do comportamento motor acima, aqueles indivíduos que exibem uma inclinação pélvica anterior irão apresentar sub-atividade de ambos os subsistemas: Oblíquo Anterior e Oblíquo Posterior. 
Subsistemas Oblíquo Posterior e Anterior

Tenho tido mais sucesso em casos de inclinação pélvica anterior usando exercícios de integração do subsistema oblíquo anterior; no entanto, não é incomum corrigir o alinhamento do quadril e região lombopélvica, usando estes exercícios, e acabar resultando em uma inclinação excessiva do tronco à frente. Nestes casos, é apropriado colocar exercícios de integração do subsistema oblíquo posterior após os de integração do subsistema oblíquo anterior.

Ao que parece, os únicos indivíduos que exibem hiperatividade do subsistema oblíquo posterior são aqueles que se apresentam com uma inclinação pélvica posterior e aqueles que demonstram uma inclinação à frente inadequada durante agachamentos e quando vão pegar um objeto do chão. Embora estas disfunções sejam relativamente raras, pode ser vista em indivíduos com um histórico de dor, cirurgias ou lesões na coluna lombar.



Um novo membro do Subsistema:

A aponeurose glútea é um espessamento da fáscia que se estende da crista ilíaca posterior até o glúteo máximo e parte do glúteo médio. 
Esta fáscia tem fascículos que têm uma direção contínua com as fibras superficiais da aponeurose toracolombar, assim como as fibras laterais da inserção fascial do latíssimo do dorso na parte posterior do ílio. Assim, podemos inferir que o glúteo médio é uma parte integral deste subsistema integrado do núcleo (N.T: Núcleo, tradução da palavra inglesa "core"), recrutado sinergisticamente em resposta à ativação dos receptores sensoriais neste tecido fascial, por meio da tensão criada na área.

Em essência, a fáscia toracolombar age como uma placa mãe para receptores sensoriais que controlam a tonicidade reflexa (N.T: Controle automático do tônus muscular, ou seja, do seu estado de tensão) e a sinergia dos músculos que se inserem neste revestimento fascial, com o glúteo médio sendo um deles.
Fáscia toracolombar


Secção transversa de uma vértebra lombar, mostrando as camadas de fáscia e músculos associados


Além disso, consideramos a função integrada do subsistema oblíquo posterior e a do glúteo médio; a ação mecânica de todos estes músculos contribuem para todas as funções discutidas acima:
  • Desaceleração excêntrica da pronação global do corpo.
  • Rotação externa global da cadeia cinética (N.T: Função concêntrica).
  • Manutenção do alinhamento das articulações lombosacrais.
  • Manutenção do alinhamento femoral durante ações de pernas combinadas com puxadas.



Subsistemas, Disfunção Postural e Seleção de Exercícios Integrados:

Os resumos abaixo são destinados à uma referência rápida, na prática, e não ilustram todos os possíveis cenários.
(N.T: Os quadros abaixo são os mesmo apresentados nos artigos anteriores sobre os subsistemas).

Atividades dos Subsistemas Baseado na Disfunção Postural:













     

Efeito no Exercício:







                                          

Resumo:











                           

Seleção de Exercícios:

Se a avaliação de movimento se apresenta com sinais de hipoatividade do Subsistema Oblíquo Posterior, considere as seguintes mudanças no seu programa de exercícios.

Núcleo:
Use progressões de pontes como parte de sua rotina de fortalecimento do glúteo máximo (N.T: Um fortalecimento mais isolado, se podemos usar esta expressão, já que não existem ações isoladas. O termo "mais restrito" ficaria bem, em oposição a um trabalho mais integrado). Se o subsistema oblíquo anterior é dominante, talvez seja benéfico limitar ou omitir abdominais tradicionais, pranchas e progressões de chops (N.T: Falamos sobre progressões de chops no artigo sobre o subsistema oblíquo anterior, exercícios com ações diagonais).



Integração do Subsistema:
Os exercícios usados para integração desse subsistema podem ser resumidos em "Pernas com Puxadas" (N.T: Alguma ação das pernas integrada com remadas, um agachamento ou avanço com remada seriam exemplos de progressões que podem ser usadas).
Lunge (avanço, passada ou afundo) reverso com remada



Treinamento Resistido: 
Não existe diferença entre os exercícios selecionados para Integração do Subsistema e os Movimentos Globais usados no Treinamento Resistido.

Sugestões para o treino resistido:

 Globais: Pernas com puxada.
 Costas: Puxadas, em pé ou em base pronada (N.T: Isto é, deitado de barriga para baixo).
 Peitoral: Devido ao potencial de dominância do subsistema oblíquo anterior, talvez seja necessário colocar um suporte para as costas nos movimentos. Ex: Supino com halteres feito deitado no banco, ao invés de um supino no cabo feito em pé.

  • Se você escolher usar o mesmo exercício para ambos (Integração dos Subsistemas e Movimentos Globais), então o último exercício do aquecimento será o primeiro do programa de treinamento resistido; sem a necessidade de repetir séries.

  • Se o cliente já solucionou a maioria das suas disfunções, você pode adicionar outros padrões de movimento globais que podem ou não estarem relacionados com sua disfunção de movimento.

  • Poderíamos dizer que uma vez que seja completado um aquecimento integrado; o conhecimento da avaliação de movimento e dos subsistemas irão influenciar, e não ditar, a seleção dos exercícios resistidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário