quinta-feira, 19 de junho de 2014

Notas Sobre Anatomia Funcional - Parte 2

Antes de dar continuidade com mais músculos apresentados, queria retornar em uma questão em particular e adicionar mais algumas informações que acho que ficaram incompletas. Vamos nos deter no quadrado lombar, reproduzirei novamente algumas informações dadas na Parte 1 (aqui o link: Notas Anatomia Funcional - Parte 1) deste artigo.

Quadrado Lombar:

Função Primária: Flexão lateral do tronco (com os pés fixos no chão), elevação da pelve do mesmo lado (em cadeia cinética aberta).

Implicações:
- Contribui para o desnível da pelve (quadril alto), no lado onde está tenso.

- Quando existem problemas de ativação com o glúteo médio, o quadrado passa a (tentar) assumir/auxiliar a abdução do quadril, ocorre quando vemos uma inclinação da pelve do lado oposto em movimentos no plano frontal. (Nota pessoal: Ligado ao mecanismo de lesão muscular dos adutores).


Queria me deter naquela Nota: Ligado ao mecanismo de lesão muscular dos adutores. Coloquei aquela observação baseado numa apresentação da treinadora e palestrante da Exos (antiga Athletes Performance) Nicole Rodriguez (uma extraordinária treinadora e palestrante). Vou reproduzir as notas que fiz do que a Nicole explicou a respeito de um dos mecanismos de lesão dos adutores em atletas, durante uma de suas palestras na Mentorship da Exos em Buenos Aires em novembro de 2013. Ela fez a discussão em cima de uma foto de um jogador de rugbi (como estávamos na Argentina, onde o rugbi é popular, fez sentido), mas podemos aplicar a qualquer esporte. Reproduzo minhas anotações abaixo:

Discussão e Análise de Foto de Rugby – Mudança de Direção (mecanismo de lesão de adutores):

- Ombros e troncos estão altos na figura e ele está em uma posição equilibrada.

- Se o tronco não é forte e estável o ombro esquerdo sairia do alinhamento com o centro de massa (*tronco inclinado para a esquerda, para o lado da perna que está com o joelho em extensão e o pé no solo) no momento da mudança de direção. E é neste momento que lesões nos adutores acontecem,
(a inclinação para a esquerda do tronco neste exemplo criaria um stress 
excêntrico na região adutora do quadril. Como na foto da Nicole ao lado.
Especialmente se o atleta encontra-se em uma base ampla de suporte, com essa inclinação do tronco para o lado da perna que está estendida.  Daí a importância do ensino de maneira lenta/controlada da mudança de direção, para
que quando os atletas se movam rápido eles o possam fazer da maneira mais eficiente possível, mantendo a postura equilibrada.


- Exercícios tradicionais monoarticulares (em máquinas, ou com aqueles anéis usados no pilates) farão muito pouco em termos de redução do risco desse tipo de lesão muscular nos adutores. Assim como seu uso na reabilitação (no caso da lesão ter já ocorrido). Nesse exemplo da foto (do jogador de rugby), os adutores trabalham para estabilizar. 

Quando escrevi as notas sobre o material do Cressey/Robertson, no momento em que eles falavam na relação do quadrado lombar como substituto na abdução do quadril no caso de atraso de ativação do glúteo médio, e nas consequências desse atraso de ativação na estabilização do quadril, já que o glúteo médio desempenha um grande papel nisso, lembrei do que disse a Nicole e de que provavelmente os 2 estão conectados.


Pois se há atraso na ativação/fraqueza do glúteo médio e ocorrer esta substituição de ativação, a inclinação pélvica (no lado contrário a contração do quadrado lombar) causada por está contração do quadrado lombar, somada a flexão lateral da lombar no momento de uma mudança rápida de direção pode causar lesão muscular nos adutores, como explicou a Nicole Rodriguez. Olhando a foto ao lado fica mais simples de visualizar isso, é só imaginar a contração do quadrado lombar do mesmo lado dos músculos adutores mostrados, isso causará uma inclinação lateral da coluna para o mesmo lado e uma inclinação superior da pelve do lado oposto, pondo em estiramento todo o grupo adutor. É lógico que possivelmente existem outros elementos em toda essa relação causa-efeito que tentei fazer, mas muito provavelmente essa relação que teci existe.






Usando outro esporte como exemplo, os goleiros de handebol são submetidos a extremos de amplitude nos movimentos do plano frontal (abdução). Por isso devem manter uma boa estabilidade de tronco, um padrão de ativação e controle neuromuscular adequado afim de diminuir as chances deste tipo de lesão ocorrer. Como já vi acontecer com um de nossos goleiros aqui em nossa equipe de handebol, a ASH-Praxis, o movimento foi parecido com o da foto, a diferença é que o nosso goleiro estava com aquele joelho direito estendido e ao contrário do goleiro da foto, que está com o tronco ereto e bem posicionado, o nosso fez a flexão lateral da coluna para a direita, da qual falamos antes, causando um estiramento da região adutora.


 Além do treino de movimentos multidirecionais (deslocamentos laterais, rotacionais, mudanças de direção), e do treinamento de força unilateral (utilizando especialmente as variações sem suporte), o que possibilitará uma transferência do treino para a função exercida em campo/quadra seria o uso dos exercícios posturais na parede (“isometric holds”), trabalhando a postura estática e dinâmica (dependendo da variação utilizada). Na foto o meu amigo Tiago Proença, proprietário da BPro em Porto Alegre, executando uma das variações.

3 comentários:

  1. Professor Marcus, fique impressiona com o conteudo do se blog, vocÊ teria algum profssional/colega para sugerir em Brasília? Obrigado

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    1. Que bom que gostaste do conteúdo amigo.
      Tem uma turma boa em Brasília sim, vou ver o contato e te passo.
      Abraço.

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    2. Fala com o meu amigo Nedian Bossa da Funcional Brasil - 61-3345-4338.
      Grande abraço.

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