quarta-feira, 29 de abril de 2020

Feedback e Dicas Verbais - Parte 2

Continuação do artigo que fala sobre um tópico de fundamental importância e que ainda é pouco discutido: Como comunicarmos de maneira mais eficiente com as pessoas que treinamos. 

Aos que ainda não leram a parte 1: Feedback e Dicas Verbais - Fazendo com que Funcionem.

Aos que quiserem ler no original em inglês: Feedback and Cueing - Part 2 - Reliable Strategies.

No texto as palavras performance e desempenho são usadas de maneira intercambiável, já que performance é usada no português. Ou palavra que aparece muito no texto é "cueing" no sentido de dica, orientação. A palavra foi traduzida para "dica verbal", a forma mais comum de orientação que damos aos que treinamos. No texto muitas vezes irá aparecer simplesmente como "dica".  




Feedback e Dicas Verbais - Estratégias Confiáveis

Greg Dea




Movimento é uma saída de informações (N.T: Do original "output")um desempenho, um comportamento.
Quando treinamos alguém decidimos se o movimento é ou não satisfatório.

Lembre-se do último cliente que você treinou. Você parado por perto, observando. Se eu lhe parasse nesse momento no tempo e perguntasse: 
- Esse movimento é satisfatório? Sim ou Não?
Você poderia responder imediatamente? 
Ainda, poderia me dizer porque é ou não satisfatório? Caso não fosse, teria alguma ideia do que fazer a seguir?

Se o movimento é satisfatório colocamos sobrecarga para desenvolver capacidade de trabalho (N.T: Do original em inglês "Work Capacity". Adaptei um artigo sobre esse tema no Blog da FortiusO que é "Capacidade de Trabalho"?).

Se não é satisfatório precisamos avaliar para revelar o que (N.T: Qual parte, ou o todo) requer correção.

O profissional experiente usa o processo de treinar movimento para procurar por erros que extrapolem o aceitável.

Acontece de muitos de nós observarmos uma série sem prestar atenção ou olhar para a execução dos clientes, sem usar o processo mental de "Sim/Não", se é ou não aceitável aquele movimento e se necessita de nossa intervenção.

Este "domínio do aceitável" também é conhecido como "largura de banda de desempenho".

Para decidir se um movimento é aceitável, dentro da largura de banda, o profissional precisa ajustar o julgamento baseado em 3 elementos: A população específica, a tarefa específica e as amplitudes de movimento seguras (Richard A. Schmidt & Lee, 1999, 2014). Se qualquer um destes elementos revelar um movimento fora do aceitável sabemos que o erro irá:

  1. Reduzir a eficiência do movimento;
  2. Diminuir a chance de sucesso; ou
  3. Aumentar o risco de lesão.

Quando vemos estes movimentos fora da "largura de banda", podemos usar estratégias de treinamento de dicas verbais para mudar esse movimento. Nessa segunda parte do artigo irei revelar as principais formas de comunicação usadas para mudar o comportamento no movimento, ou seja, da performance. No primeiro artigo foram reveladas as diferentes formas de feedback (N.T: Retorno de informação). 

Antes de entrarmos no assunto, existe uma peça importante de feedback a ser buscada:


Isso dói?

Qualquer dor relacionada ao movimento precisa ser avaliada, uma vez que existem razões médicas para dor que se manifestam com o movimento e que podem não estarem relacionadas com problemas relacionados ao movimento em si.



Análises de movimento e avaliações, como o FMS e SFMA (N.T: Functional Movement Screen e Selective Functional Movement Assessment. Existem certamente outros modelos de análise e intervenção no movimento) usam estas 3 larguras de banda para ajudar a revelar qual movimento é ou não competente, ajudando, portanto, a diminuir nossos erros.


Dicas para Mudança, ao invés de Treinar para Mudança

Se você não consegue falar com seu cliente, como eu raramento podia fazê-lo na China, você ainda pode orientá-lo a se mover de maneira diferente. Fazer isto bem pode ser reproduzível de acordo com guias em pesquisas. Por "se mover de maneira diferente", quero dizer ser mais móvel, mais estável contra o movimento (estabilidade estática) ou mais estável com o movimento (estabilidade dinâmica) ou antes de se adicionar capacidade.

A restauração do controle motor e estabilidade ocorre através de:

  • Dicas baseadas na tarefa, e; 
  • Dicas com restrições que causam mudanças ao invés de dicas verbais que sugerem mudanças.

Dicas baseadas na tarefa e dicas com restrições são exemplos de movimentos com foco externo. Esses são mais efetivos e eficientes do que movimentos com foco interno (Marchant, 2010; Marchant, Greig, Bullough & Hitchen, 2011).

Uma dica externa geralmente tem benefícios embutidos, conhecidos como consequências implícitas. As dicas internas miram em mudanças de comportamento explícitas. Existem momentos para as duas, mas se os benefícios forem postos em uma balança, essa pende em favor de dicas externas com benefícios implícitos.




Dicas Implícitas x Explícitas

Uma dica que é direcionada para um resultado externo à pessoa, mas que tenha um resultado oculto dentro da pessoa é uma dica implícita

Estes tipos de dicas estimulam padrões de movimento e superam o problema de tentar superar muitas partes ou tentar controlar muitos graus de liberdade de movimento das partes. 

Estas dicas muitas vezes são chamadas de "focadas na tarefa", uma vez que a dica faz com que o indivíduo complete uma tarefa externa a ele. 

Um exemplo é alcançar um copo. Outro é arremessar uma medicine ball contra um ponto na parede. Incorporado em ambas as tarefas está a coordenação de múltiplas partes em um padrão, algo que não é abordado ao simplesmente ativar uma parte explicitamente. 

(N.T: A foto abaixo mostra uma dica verbal focada na tarefa, ao simplesmente pedir para que se arremesse a bola entre as 2 linhas na parede).



Uma dica que é direcionada a um resultado interno é uma dica explícita. Esses tipos de dicas estimulam movimentos ou controle de partes, isto é, músculos individuais. 

(N.T: Um exemplo são dicas verbais/instruções que damos às pessoas quando fazem um exercício como alguma variação de ponte, para "ativação dos extensores do quadril": - Firme os glúteos; estenda o quadril; firme o abdome...etc.).



Dicas implícitas são preferíveis, em comparação com dicas explícitas, exceto quando o objetivo específico seja hipertrofia muscular. As dicas implícitas aumenta a eficiência do movimento e o torque na articulação. 

Ao se orientar padrões usa-se dicas implícitas enquanto que ao se orientar partes se usam dicas explícitas. 

Existem momentos em que as dicas verbais para a performance direcionadas às partes desempenham um papel (N.T: Dicas verbais com foco interno ou como o autor vem chamando: "dicas explícitas"). 

 Por exemplo: Estimular a atividade neuronal na área do cérebro que é responsável pelo movimento de uma parte em particular. Esse é um processo adotado frequentemente na reabilitação neurológica. Também é usado no fisiculturismo, para direcionar a atividade local dos músculos.

Este é um treino que é focado no desempenho local das partes, comparado a um treino que é focado no desempenho de tarefas. Uma progressão que se distancia do treinamento focado nas partes para um que foca na tarefa produz maior eficiência e melhora o torque articular.   

Existem muitas evidências indicando que dicas explícitas ou o treinamento de partes isoladas levam à uma reorganização cortical do córtex motor. O treinamento isolado mostra uma alta atividade eletromiográfica (EMG) em comparação ao treinamento focado na tarefa que usa dicas externas. No entanto, uma alta atividade eletromiográfica não é o objetivo de um treinamento que visa performance.  

O treinamento focado na tarefa, que usa dicas externas mostra uma atividade eletromiográfica mais baixa, mas incorpora padrões mais eficientes que são específicos ao contexto (N.T: Contexto em que está inserido o (s) indivíduo (s) que está sendo treinado). Frequentemente com maiores torques do que contrações isoladas (Marchant, 2010). Também implica benefícios de overflow e irradiação - ver abaixo - conceitos que demonstram o torque aumentado em padrões de movimento gerais. É preferível o benefício de um torque aumentado do que uma atividade eletromiográfica (EMG) local (Adler SS, 2007).   


Benefício e Ciência de Dicas Auditivas

O papel da audição e como ela é usada na performance motora é uma área largamente pouco estudada, com algumas exceções. O objetivo da dica auditiva é ganhar a atenção (N.T: Dos indivíduos), quebrar padrões e melhorar a retenção do aprendizado. 

Em geral, a informação auditiva é processada mais rápido do que a visual, mas a informação visual parece ser mais útil do que a auditiva. 



Considere uma palma ou um grito antes de um comando. O objetivo de tal dica auditiva é simplesmente obter atenção para quebrar um padrão. Dicas auditivas primariamente permanecem úteis para quebrar padrões ao obter a atenção do(s) indivíduo(s).  

Aqui está porque:

  • Os melhores comportamentos de desempenho são movimentos de alta qualidade, com alta força, por um longo tempo.
  • A melhora da performance não acontece até que ocorram mudanças de comportamentos e do sistema nervoso que, afinal, permite a mudança de comportamento.
  • O processo de mudança do comportamento inicia com a obtenção de atenção do indivíduo - quer ele saiba ou não disso.
  • A obtenção da atenção consciente e inconsciente é domínio do treinamento ou programação do treinamento.
  • Cada um (consciente e subconsciente) tem seu papel. 
Obter a atenção dos indivíduos requer um sistema nervoso com receptores saudáveis para serem estimulados. Quando você fala com um atleta para passar uma instrução, isso requer uma audição saudável. Uma vez que a informação auditiva é processada mais rápido do que a visual, ela permanece uma ferramenta fundamental para quebrar padrões ao obter a atenção do sistema nervoso (Referência em Motor Control and Learning; A Behavioral Emphasis 5ª ed. Capítulos 5 e 11. Schmidt, R. A., Lee, T. D. 2011).




Benefício e Ciência de Dicas Visuais

Em movimentos que requerem rotação, flexão ou extensão, onde é requerida mobilidade extra, direcionar os olhos na direção do movimento irá estimular o padrão requerido. Ao contrário, onde mais estabilidade é requerida, direcionar os olhos para longe da direção do movimento irá estimular mais estabilidade. Isso é baseado na "reação de retificação". (Cech DJ, 2002; Hoogenboom, Voight, Cook e Gill, 2009; Piper MC, 1994).

(N.T: "Reação de retificação", do inglês "Righting Reaction" é uma reação que corrige a posição do corpo quando este é retirado de sua posição vertical normal. Essa reação sempre começa pela cabeça)

Também é baseado no conceito de overflow e irradiação.

Overflow ou irradiação pode ser definido simplesmente como a ajuda que é prestada para áreas chave ao fazer outra coisa.

Falando mais cientificamente, overflow ou irradiação é o aumento na facilitação que altera o limiar excitatório no corno anterior. Irradiação é a propagação e aumento da força como resposta. Isso ocorre quando o número de estímulos ou a força do estímulo são aumentados. A resposta pode ser de excitação ou inibição.
(N.T: Abaixo a anatomia do corno anterior da medula espinhal e a função de ser um local de eferência/efetua ações, enquanto que o corno posterior da medula é o local onde chegam as informações aferentes enviadas pelos proprioceptores espalhados pelo corpo).



Normalmente, overflow ocorre nos músculos que oferecem suporte sinergístico para os motores primários usados durante uma tarefa motora.


Dicas Visuais estão ligadas ao uso de flexão e extensão como vantagem

O reflexo óculo-vestibular assegura que quando a cabeça vira em direção a um alvo os olhos rapidamente irão se mover primeiro e então se movem em uma direção oposta à rotação da cabeça, para que continuem fixos no alvo até que a cabeça os alcance (Bizzi, Kalil e Tagliasco, 1971). Os olhos iniciam atividade com o braço e pescoço (overflow). Essa organização central do padrão do movimento nos fornece uma dica para estimular padrões de direção específica.

Foi comprovado que a mira/pontaria manual (incluindo alcançar e agarrar) é mais acurada quando a cabeça é livre para se movimentar do quando ela está fixa (Biguer, Prablanc e Jeannerod, 1984; Vercher, Magenes, Prablanc e Gauthier, 1994). Isso reforça a necessidade de eliminar a dor no pescoço e movimentos com padrões defeituosos do ombro. 



Dicas Práticas
  • Para melhorar o movimento em determinada direção, olhe nessa determinada direção.
  • Para melhorar a estabilidade contra o movimento em uma direção, olhe em outra direção.



O Benefício e a Ciência de Dicas Táteis

A compressão e a tração ao longo da cadeia cinética são ferramentas táteis para aumentar o controle motor. O objetivo é estimular o reflexo de estabilização. Tipicamente a resposta reflexa à compressão e a tração é o indivíduo expressar um padrão que pode ser descrito como extensão. Isso inclui abdução e rotação externa. 

Pode se dizer então que as dicas táteis são preferencialmente usadas para promover extensão, que leva ao reflexo de estabilização.

A quantidade de força requerida depende da riqueza do ambiente sensorial. 

 Por exemplo: Um indivíduo que tem mobilidade articular restrita pode não sentir a compressão sútil, uma vez que a articulação já está de alguma forma comprimida e os mecanorreceptores podem não detectar a força aplicada ou movimentos articulares acessórios. Essa pessoa pode responder melhor à tração da articulação. Uma pessoa com hipermobilidade pode responder melhor à compressão do que tração. 

A ação de compressão e tração ao longo ou sobre o eixo é conhecida no mundo do exercício físico como Reactive Neuromuscular Training - RNT (N.T: Uma tradução livre seria "Treinamento Neuromuscular Reativo"). É uma dica tátil que é coloquialmente conhecida por "exagerar o erro" ou "alimentar o erro". 

Essa é uma ação que pode ser usada para aumentar a estabilização das partes corporais que devem ser estabilizadas, mas que por alguma razão não estão. 

Em algumas circunstâncias os grupos musculares motores primários podem se tornar ativos para estabilizar segmentos. Isso reduz sua capacidade de expressar mobilidade. Nessas circunstâncias, estimular a estabilização através da compressão e tração pode facilitá-la nos músculos locais ao aliviar os músculos motores primários deste papel, para que continuem expressando a mobilidade daquele padrão que se quer realizar. 



Dicas Práticas:
  • Em um padrão que requer mais de um membro, observe o membro que não está se movendo (conhecido como o membro estabilizador) para a perda de extensão. Exemplo: Em um rolamento de supinado para pronado usando o braço como driver (N.T: Driver é o membro que inicia a ação, na foto abaixo o driver é a mão direita), frequentemente vemos uma flexão do quadril do mesmo lado, quando ele deveria estar estável.
  • Em um levantamento terra unilateral frequentemente vemos a perna de "balanço" com o quadril e joelho com alguma flexão, quando deveriam se manter em extensão. O instrutor/professor pode exagerar o erro ou "alimentar o erro" ao aplicar compressão ao longo do eixo (N.T: Da perna). Isso irá causar uma flexão ainda maior e o indivíduo de maneira reflexa irá resistir, empurrando a perna em extensão e estabilizando o quadril e tronco. Isto irá dar ao indivíduo uma sensação de como realizar o padrão na direção correta. A dica é empurrar a perna de estabilização em uma maior flexão do quadril, através da compressão do eixo. 
(N.T: Um exemplo prático do que foi dito acima é mostrado na imagem abaixo: Usando uma borracha para produzir uma força de compressão ao longo do eixo da perna de balanço no exercício levantamento terra unilateral).

O RNT (Reactive Neuromuscular Training) é uma dica tátil predominantemente usada para exagerar os erros do movimento através da linguagem da sensação, não palavras. 

Reactive Neuromuscular Training é uma dica cinestésica que aplica forças a uma distância da(s) articulação(ões) alvo, para exagerar o erro e estimular o reflexo de estabilização.

O RNT introduz mais risco de sair da largura de banda do movimento aceitável, estimulando, portanto, o indivíduo a corrigir seu movimento de volta à largura de banda do movimento aceitável (Cook, 2018; Cook e Voight, 1996; Guido e Stemm, 2007)

Dicas Práticas:
  • Por exemplo: Quando ocorre um colapso em valgo no quadril e pé, aplicar um stress em valgo no joelho irá exagerar o erro. A aplicação de força pode ser feita de maneira isométrica ou através de oscilações. Podem ou não serem incluídas dicas verbais para "não deixar que a força aplicada perturbe a posição estável dos membros inferiores". Isso é mais comumente aplicado em exercícios como o Turkish Get Up e em qualquer exercício em base meio-ajoelhada, mas pode ser aplicável em qualquer posição: Pronado, supinado, de lado, em pé em base simétrica, unilateral, base alternada. 

Dicas Práticas:

É importante que as dicas táteis (N.T: Ou cinestésicas) não façam o que se segue:
  • Não devem causar dor;
  • Não devem causar fadiga indesejada;
  • Não devem causar irradiação indesejada na direção errada ou em uma parte indesejada do corpo;
  • Se deve evitar que o indivíduo prenda a respiração;
  • Para aumentar a força muscular e a amplitude de movimento ativa, o indivíduo deve ser instruído a usar uma cadência respiratória controlada.


O Benefício de Dicas com Restrição da Tarefa

Esta estratégia é uma forma de dica com feedback que reduz a necessidade de ambos. Isto envolve aplicar uma restrição à tarefa de tal forma que se ocorrer o erro exista uma consequência. A consequência deveria ser significativa à natureza competitiva do indivíduo, para que o force a organizar o padrão para evitar o erro. Isso é chamado de auto-organização. 

A auto-organização ocorre quando a tarefa está "no limite da capacidade" dando ao indivíduo a oportunidade de administrar seu erro e aprendizado.



Dicas Práticas:

Um exemplo nos exercícios Chops e Lifts (N.T: Exercícios que usam as diagonais. Lift: Diagonal de baixo para cima; Chop: De cima para baixo) em base meio ajoelhada:

Coloque um cone com uma bola de tênis em cima ao lado do quadril que apoia o peso corporal, ou um rolo de espuma (N.T: Foam roller) em pé com uma bola em cima.

Se o indivíduo colapsa em uma adução ou flexão do quadril na perna de apoio, um cone ou rolo colocado ao lado do quadril será derrubado.

Em algumas circunstâncias, aplicar restrições à tarefa pode ser compensado pelo indivíduo, particularmente se elas não forem competitivas para aprender o melhor padrão. Nessas circunstâncias, completar o movimento com capacidade, mas ainda dentro da largura de banda aceitável da qualidade de movimento, tem precedência sobre o aprendizado. Para fazer isso ao invés de usar o RNT para alimentar o erro, nós simplesmente notamos o erro e criamos circunstâncias onde o erro não pode ocorrer. Vimos isso anteriormente no feedback fisicamente guiado. Existem outras formas, sem orientação física externa, para remover o erro quando o indivíduo não pode ou não irá aprender. Isso é chamado "bloquear o erro". Bloqueamos movimentos indesejados ao criar uma tarefa para prevenir movimentos desadaptativos. 

 Aqui está um exemplo: 



No treinamento do controle motor, onde existe movimento ao invés de estabilidade, o instrutor pode mudar a tarefa ou o ambiente para bloquear um movimento indesejado. No vídeo acima, esta jogadora de voleibol, pós reconstrução do ligamento cruzado anterior do joelho, está fazendo um arremesso de medicine ball acima da cabeça em base ajoelhada. É mais um padrão com sobrecarga para expressar a capacidade de potência do que uma tarefa de treinamento do controle motor

Nesse exercício, como ela gera potência é uma preocupação menor, uma vez que ela é meio de rede, ela irá bloquear com os braços acima da cabeça em uma posição estável e estabilização anterior do tronco, com extensão bilateral do quadril.



Quando a atleta está na posição ajoelhada (N.T: Como mostrado no vídeo acima), podemos ver alguma força extra sendo gerada ao se fazer uma flexão dos quadris, o que está de acordo com o propósito do exercício, que é um arremesso potente. 

Uma pequena mudança no exercício faz com que ele se torne um exercício de estabilidade estática para o quadril que sustenta boa parte do peso corporal (N.T: Quadril de apoio). A pequena mudança é fazer com que a base de apoio seja meio ajoelhada (N.T: O vídeo citado mostra o arremesso nas 2 bases: Ajoelhada e meio-ajoelhada). Essa mudança de posição da articulação do quadril em um lado faz com que seja muito mais difícil fazer a flexão dos quadris e a potência é gerada a partir dos membros superiores e o tronco, sobre uma pelve estável.

Não se trata de um exercício melhor ou pior, apenas um com propósito diferente de treinamento. Uma versão (N.T: Base ajoelhada) é um padrão de potência envolvendo a flexão do quadril, o outro (N.T: Base meio-ajoelhada) é um padrão de potência que requer estabilidade estática de maneira reflexa no quadril de apoio do peso corporal que está em extensão (e, claro, do pé de apoio do peso corporal que está à frente). 


Dica para melhorar os estabilizadores, para que os mobilizadores possam se expressar melhor


O exercício corretivo não é uma reprodução de um padrão faltoso. É em primeiro lugar uma correção da entrada de informações (N.T: Input) seguida da correção do padrão. A correção de entrada de informações inclui melhorar a mobilidade das partes dentro da cadeia cinética e, também, regionalmente nas partes complicadoras (N.T: Ou seja, nas regiões que apresentam problemas).

(Para ler mais a respeito de interdependência regional e fatores limitantes à performance acesse Aqui).


Dica Prática:

  • Para aumentar a mobilidade em uma determinada área, oriente a estabilidade em uma parte do corpo distante da parte móvel. Isso introduz uma dica que coloca estabilidade no sistema para que os mobilizadores globais possam ser melhor ativados. "Ative os estabilizadores para desatar os mobilizadores".


 Aqui está um exemplo: 

No vídeo da jogadora meio de rede, eu orientei a estabilidade na coluna lombar ao tirá-la de uma posição ajoelhada, onde ela fazia muita extensão lombar no arremesso, para coloca-lá em uma posição meio-ajoelhada. Isso fez com que fosse mais difícil estender a coluna lombar, portanto, estabilizando-a. A estabilidade aqui levou a mais atividade de arremesso da porção superior, isto é, dos motores primários do arremesso.



RESUMO

Analise seu atleta se movendo e decida se ele está dentro da largura de banda do comportamento motor que você possa tolerar. Pergunte como ele se sente quando se comporta de determinada maneira. Dê dicas para que se mova de maneira diferente (N.T: Caso o desempenho não seja adequado). Use estratégias de feedback cientificamente confiáveis e estratégias de dicas que façam com que se consigam melhores resultados.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Feedback e Dicas Verbais - Parte 1


Artigo que fala sobre um tópico de fundamental importância e que ainda é pouco discutido: Como nos comunicarmos de maneira mais eficiente com as pessoas que treinamos. Publiquei há um tempo atrás um artigo nesta linha: Ciência das Dicas Verbais

Aos que quiserem ler no original em inglês: Feedback and Cueing - Making Them Work Together.

No texto as palavras performance e desempenho são usadas de maneira intercambiável, já que performance é usada no português. 



Feedback e Dicas Verbais - Fazendo com que Funcionem

Greg Dea



Movimento é uma saída de informações (N.T: Do original "output"), um desempenho, um comportamento. Quando treinamos alguém decidimos se o movimento é ou não satisfatório.

profissional com olhar atento usa o processo do treino do movimento para procurar por erros que estejam fora da margem do aceitável. Podemos denominar isso como "Largura de Banda da Performance", baseado em 3 elementos de parâmetros aceitáveis da população específica e a tarefa ou limites (RANGE) de segurança (Richard, A., Schmidt & Lee, 1999, 2014). 

(N.T: "Largura de Banda", do original Bandwidth, em termos gerais o termo se refere à quantidade de dados que podem ser recebidos/enviados em uma rede. No contexto do artigo irá se referir a uma faixa de tolerância com relação às tarefas de movimento propostas a um indivíduo. Tolerância em termos de erros na execução da tarefa).

Um movimento que tem um erro considerado indesejado ou inaceitável é aquele que:

       1. Reduz a eficiência.
       2. Diminui a chance de sucesso ou;
       3. Aumenta o risco de lesão.


Quando vemos movimento fora dessa "largura de banda", podemos usar estratégias de feedback (N.T: Retorno de informação) e dicas verbais para modificar o movimento das pessoas. 

Nesse artigo irei revelar as principais formas de feedback e dicas verbais usadas para mudar o comportamento no movimento, que é, performance. Referências serão fornecidas no texto e ao final do artigo. Vejamos as diferentes formas de feedback.


Feedback Intrínseco

Relacionado a como a pessoa se sente quando se move. Usar o feedback intrínseco tem como propósito revelar ao cliente o que ele sente quando se move. Existem 2 momentos distintos quando os profissionais deveriam chamar a atenção do indivíduo para como ele se sente:


1 - Quando ele desempenha o movimento de maneira satisfatória, e;
2 - Quando ele desempenha o movimento de maneira não satisfatória.   

Ambos são importantes para fornecer ao cliente um contraste, para que saibam como se sentem ao realizar um movimento bem/mal. Isso permite a detecção de erro e autocorreção, e, portanto, aprendizado.


Aqui vai uma dica prática: Quando o indivíduo desempenha de maneira insatisfatória, pergunte a ele como se sente, ou, como parece o movimento aos olhos dele.


Frequentemente, eles não estão prestando atenção a como se sentem, então é útil fazer com que repitam a tarefa e descrevam a você como se sentem ao realizá-la ou onde eles sentem algo. 

(N.T: Esse é um termo importante: Tarefa. Aparentemente nosso cérebro é orientado à tarefa e não aos músculos ou padrões de movimento. Mais sobre isso no texto).

Às vezes precisamos melhorar sua consciência ao perguntar em que parte do corpo eles sentem que está "mais ativa". Uma vez que respondam, anote suas palavras ao descreverem como se sentem (N.T: É comum nossos clientes responderem com um "não sei". Demonstrando que não tem a menor ideia a respeito)

Instrua-os a repetirem o movimento para que sintam novamente usando suas próprias palavras para conectá-los a como se sentem.














Feedback Aumentado

Uma vez que chamamos atenção a como o cliente se sente quando se move, podemos usar o feedback aumentado (aquele que vem do instrutor), que tem o objetivo de mudar o comportamento alertando o indivíduo para a proximidade com o movimento satisfatório. Um exemplo prático é descrito três parágrafos abaixo...mas primeiro irei descrever porque o feedback aumentado casa tão bem com o feedback intrínseco.


Um conceito chave que liga os feedbacks intrínseco e aumentado é que o primeiro fornece conhecimento de como sentimos o desempenho cinemático, enquanto que o segundo nos fornece o conhecimento do resultado do movimento.


Esta diferença é relacionada, embora sutilmente diferente, com um conceito ensinado pelo estimado Frans Bosch (N.T: Professor de aprendizado motor, preparador físico de velocistas e saltadores em altura, nos anos recentes serve de consultor para diversas organizações esportivas ao redor do mundo)

Professor Bosch tem levantado um erro crucial na maneira como nos comunicamos, ao tentar instruir partes do padrão de movimento, chamando a atenção do indivíduo para maneira com que ele se move, a biomecânica de seu movimento. Isso é referido como "Conhecimento da Performance".

Bosch se baseia em um grande corpo de pesquisa em controle motor para indicar que um cliente aprende melhor ao saber quando se move com sucesso em uma tarefa. Ele descreve isso como "Conhecimento do Resultado"

Os Feedbacks Intrínseco e Aumentado nos ajudam a superar o erro sutil de direcionar a atenção do cliente para o Conhecimento da Performance ao mudar sua atenção para como ele sente uma performance em particular quando ela resulta satisfatoriamente ou insatisfatoriamente (conhecimento da sensação da performance)

Isso muda nosso erro do conhecimento da performance, que não ajuda o aprendizado, para o conhecimento da sensação da performance quando essa performance tem um resultado que ajuda o aprendizado.

Imagine isto: Um cliente desempenha uma tarefa como acertar a raquete de tênis na bolinha, com a intenção de acertar no lado esquerdo do fundo de quadra, bem perto da linha de fundo. Digamos que a bola aterrisse no lado direito da quadra, perto da rede. Eles, e nós, podemos observar que o erro de movimento na tarefa tem um componente de distância e direção. 



Podemos descrever instantaneamente que a bola aterrissou na frente da zona pretendida (na frente ao invés do fundo de quadra) - essa é a direção - "na frente da". Podemos também instantaneamente descrever que a bola aterrissou em uma grande distância da zona pretendida, uma vez que a parte da frente da quadra, perto da rede, é relativamente distante do fundo de quadra, perto da linha. Isso fornece um componente de distância - "longe de".   




Dicas práticas: Quando o indivíduo desempenha uma tarefa, após receber o feedback intrínseco dele, diga o quão distante ele está do alvo, e em que direção foi o erro. "Sua bola aterrissou 8 metros antes da linha e à direita do alvo". Instrua-o para repetir o movimento para que chegue mais próximo do alvo. Para melhorar, o indivíduo terá que se organizar para melhorar a eficiência ou a potência de uma maneira que somente o sistema nervoso pode fazer, baseado em um alvo externo.

Vejamos um exemplo de academia. Um cliente é instruído a arremessar uma medicine ball na parede. 




Um feedback aumentado poderia ser: "Seu arremesso foi 1 metro abaixo do alvo na parede". O componente "1 metro..." nos dá a magnitude do erro, enquanto "abaixo" nos dá a direção.

O Feedback Aumentando, portanto, tem uma direção e uma magnitude do erro do resultado.



Combinar Feedback Intrínseco Aumentado em uma Largura de Banda

Combinar os feedbacks intrínseco e aumentado seria perguntar ao cliente o que ele sentiu, ou onde ele sentiu, quando ele atingiu a bola de tênis que aterrissou na parte da frente da quadra. De maneira similar o que ele sentiu ao arremessar a medicine ball 1 metro abaixo do alvo. 

Quando o cliente "reorganiza" seu padrão de movimento para que fique mais perto do alvo, podemos chamar sua atenção para o melhor resultado (conhecimento do resultado) e então perguntar o que ele sentiu, ou onde ele sentiu quando desempenhou melhor (conhecimento da sensação da performance).

Quando um movimento excede a tolerância de ser satisfatório é considerado fora da largura de banda aceitável e deve ser corrigido. Como foi declarado na introdução deste artigo, determinamos que a tarefa de movimento não foi aceitável se está muito fora da norma de uma determinada população, ou fora da norma da tarefa em si, ou fora da norma de segurança da tarefa.

Esta largura de banda, com tolerância, nos permite definir um alvo para as tarefas de movimento mas mantém uma tolerância para algum desvio do alvo - isso permite uma variação natural do movimento e previne o treinamento direcionado para a perfeição, que diminui a chance de sucesso.

Deixe-me reiterar isso - se almejamos a perfeição no movimento, diminuímos a chance de sucesso, reduzindo, portanto, a capacidade do cliente de detectar erros significativos. 

Ao fornece uma largura de banda, com tolerância, reduzimos a quantidade de feedback corretivo e equilibramos o feedback corretivo para comentários positivos. Uma largura de banda limita o uso do feedback para apenas "erros significativos".    



Pérola de Sabedoria: O Uso de Vídeo no Feedback
(Richard A. Schmidt & Lee, 1999, 2014)

Usar vídeo para analisar movimento, por si só, é "bastante ineficaz" como sugerido por evidência científica. Isso é particularmente verdadeiro quando o vídeo é usado de maneira não-direcionada (existem mais efeitos positivos no aprendizado quando certos aspectos do vídeo são apontados).




O feedback do vídeo pode não ser melhor do que fornecer conhecimento do resultado. Parece que a eficiência desse recurso é aumentada com o feedback do instrutor que chama a atenção do indivíduo para detalhes importantes e tira a atenção de detalhes irrelevantes. 



Pérola de Sabedoria: Timing do Feedback
Feedback durante o movimento, conhecido como Feedback Concorrente.

O feedback que é dado durante o movimento visa corrigir erros e direcionar a pessoa para mais perto do objetivo. Informação aumentada a respeito de erro no movimento é dada através de dicas verbais, visuais e táteis (ou cinestésicas) enquanto a pessoa está se movendo. Isso ajuda quem está aprendendo a corrigir erros rapidamente ou evitar que os cometa.

Em um estudo (Annett, 1959), os sujeitos submetidos ao feedback concorrente melhoraram o desempenho, mas foram incapazes de aprender com sucesso a tarefa sem o feedback. Resultados semelhantes também foram encontrados em anos mais recentes (R. A. Schmidt & G. Wulf, 1997).

O feedback através de meios táteis ou cinestésicos é também conhecido como "feedback fisicamente guiado" - ele ocorre quando o feedback é fornecido pelo profissional ou algum dispositivo. Isso visa prevenir diretamente a ocorrência de erros. O aprendiz é forçado a produzir padrões de movimento "corretos". O objetivo é:

        1. Reduzir e eliminar erros.
        2. Assegurar que se execute o padrão correto. 

Isso é importante quando o movimento é perigoso, por exemplo: movimentos de solo na ginástica, para prevenir danos das quedas; ou o uso de boias na natação; ou quando os erros podem custar caro como ao voar ou dirigir. Também pode ser importante quando a pessoa tem uma instabilidade estrutural como um ligamento rompido que não pode controlar o movimento articular. 

A pesquisa sugere que o aprendizado pode ser beneficiado por pequenas doses de feedback concorrente ou guiado, porém o impacto negativo se acumula rapidamente (Armstrong, 1970).


A figura acima mostra que em testes de transferência desempenhados com feedback concorrente ou guiados os indivíduos desempenham mal, levantando dúvidas sobre o valor de técnicas guiadas (N.T: Ou assistidas) como auxílio no aprendizado (Armstrong, 1970)



Feedback Após o Movimento - Opção 1 = Imediato

A pesquisa mostra que o feedback imediatamente após o movimento é prejudicial ao aprendizado. Ele pode impedir o aluno de processar o feedback intrínseco. Por exemplo, o cliente perde a oportunidade de pensar a respeito de como lhe parece ou como sente o movimento - este timing do feedback restringe a detecção de erros.



Feedback Após o Movimento - Opção 2 = Atrasado

Dicas práticas
:
 É recomendado que quando o profissional quer ensinar um movimento a um indivíduo ele deveria aumentar o tempo entre o movimento e seu feedback. Além disso, ele deve assegurar-se que o intervalo seja desprovido de outras atividades que demandam atenção (por ex.: conversar ou outras habilidades relacionadas ao movimento).

Questões que irão surgir, "Quanto tempo devo esperar antes de dar o feedback?" 
A pesquisa sugere que sem outras atividades no intervalo entre o movimento e o feedback (vários segundos até minutos), o instrutor não precisa se preocupar a respeito do atraso no feedback



Feedback com Atraso - Preenchido 

Entre a tarefa de movimento e seu
feedback se outra tarefa de movimento ou cognitiva for realizada (como dar feedback para outra pessoa) geralmente o aprendizado se degrada (Swinnen, 1990).
























Dicas práticas: O treinador pode ter um melhor efeito se esperar para dar o feedback após uma série de tentativas. Após uma tentativa, o mesmo movimento é desempenhado no intervalo entre a primeira tentativa e o feedback

Por exemplo: Em um teste de sentar/levantar (N.T: Existem diferentes tipos de protocolos para o teste de sentar-levantar, pode ser feito em uma cadeira ou a partir do solo por exemplo). "Na sua primeira tentativa os joelhos foram para dentro".


O indivíduo faz outras tentativas, sem o feedback aumentado do instrutor, isso pode aumentar a consciência do feedback intrínseco. Essa estratégia pode ser mais efetiva do dar feedback após cada tentativa (Anderson, Magill, Sekiya & Ryan, 2005).

Dicas práticas: O treinador também pode criar uma melhora aprimorada na qualidade de movimento se o indivíduo estima o sucesso no desempenho de sua tarefa. Se a pessoa estima sua performance e recebe um feedback aumentado a respeito dos resultados ela irá melhorar em maior grau do que apenas receber um feedback aumentado.

Estimar a performance é tão efetivo que se o treinador/instrutor der feedback 100% do tempo (prejudicial ao aprendizado), os efeitos negativos do feedback 100% do tempo são revertidos pela estimativa do sucesso dado pelo indivíduo (Liu & Wrisberg, 1997).







  
Atraso pós feedback   

Dicas práticas
:
 Deve existir ao menos 5 segundos entre o feedback e a próxima tentativa. A performance sofre se o tempo for menor. Atrasos mais longos normalmente não importam (Richard, A. Schmidt & Lee, 2014).




Resumo   

Existem muitas opções para o feedback e o artigo acima resumiu alguns conceitos. O ponto principal é que devemos chamar a atenção para como/onde o cliente sente quando desempenha um movimento de maneira satisfatória e insatisfatória e que podemos usar o feedback em uma variedade de formas (dicas verbais, visuais, táteis/cinestésicas) e o timing tende em direção a ser atrasado uma vez que o cliente tenha desempenhado com sucesso.



Acesse a parte 2 do artigo: Feedback e Dicas Verbais - Parte 2.




Referências bibliográficas  

Anderson, D. I., Magill, R. A., Sekiya, H., & Ryan, G. Support for an explanation of the guidance effect in motor skill learning. J Mot Behav, 37(3), 231-238. doi:10.3200/JMBR.37.3.231-238, 2005.

Annett, J. Learning a pressure under conditions of immediate and delayed knowledge of results. Quarterly Journal of Experimental Psychology, 11(1), 3-15. doi:10.1080/17470215908416281, 1959.

Armstrong, T. R. Training for the production of memorized movement patterns. Available from http://worldcat.org /z-wcorg/ database, 1970.

Liu, J., & Wrisberg, C. A. The effect of knowledge of results delay and the subjective estimation of movement form on the acquisition and retention of a motor skill. Res Q Exerc Sport, 68(2), 145-151. doi:10.1080/02701367.1997.10607990, 1997.

Schmidt, R. A., & Lee, T. D. Motor control and learning : a behavioral emphasis (3rd ed.). Champaign, IL: Human Kinetics, 1990.

Schmidt, R. A., & Lee, T. D. Motor learning and performance : from principles to application(Fifth edition. ed.). Champaign, IL: Human Kinetics, 2014.

Schmidt, R. A., & Wulf, G. Continuous concurrent feedback degrades skill learning: implications for training and simulation. Hum Factors, 39(4), 509-525. doi:10.1518/001872097778667979, 1997.

Swinnen, S. Interpolated activities during the knowledge-of-results delay and post-knowledge-of-results interval: Effects on performance and learning. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory and Cognition, 16, 14, 1990.