terça-feira, 15 de setembro de 2015

Demandas da Corrida em Diferentes Superfícies

Artigo que faz umas boas considerações a respeito de algo que todos nós profissionais do movimento julgamos saber, as diferenças das demandas impostas ao corpo ao se correr em diferentes tipos de superfície. Artigo bem rápido e fácil de ler, então vale aquela conferida.

Link do artigo original: Comparing the Biomechanical Demands of Different Running Surfaces.

Abraço aos amigos.


Comparando as Demandas Biomecânicas da Corrida em Diferentes Superfícies 
Dominique Stasulli


Trail Running
Muitos corredores são, por natureza, criaturas de hábitos regulares. Correndo sempre nas mesmas rotas, com a mesma frequência de passadas, com os mesmos calçados, no mesmo horário do dia. Correr sempre as mesmas 4 milhas (N.T: 4 milhas = 6,43 km) ao redor da cidade significa que a superfície nunca muda. Essas criaturas de hábito podem dizer onde se encontra cada armadilha, arbusto, buraco na estrada ou rachadura na calçada. Se isto lhe soa familiar, aproveite esta oportunidade para aprender como explorar novas superfícies pode ser benéfico para fazer com que qualquer corredor se torne mais forte biomecanicamente.


Antes de comparar terrenos é importante considerar alguns fatores relativos a como o corpo reage com o solo. É de conhecimento comum que a corrida tem um impacto no sistema musculoesquelético. Massa corporal, forma e a superfície da corrida irão desempenhar um papel em quanto de impacto resulta no corpo. Em um sentido mais literal, o corpo "colide" com o solo com uma força que é 4-5 vezes o peso corporal do corredor a cada passo, mais ou menos 180 vezes a cada minutio (McMahon & Greene, 1979). 



A quantidade de energia necessária para o balanço das pernas em uma passada é otimizado ao manter a fase de apoio curta (quando um pé está em contato com o solo) e empurrando o solo de maneira reativa (Bosch & Klomp, 2005). Músculos reativos essencialmente reciclam energia entre as fases como uma função da elasticidade muscular e em última análise diminuem o custo energético em longo prazo. Tempo de contato com o solo mais longos tem um custo energético maior e menos reciclagem. É exigido do corpo absorver o choque com o solo, que reverbera através de tendões e músculos com um recuo elástico, permitindo que se inicie o movimento para frente desejado, como se as pernas tivessem molas.



Não somente as pernas agem como molas naturais, mas o solo também pode se comportar dessa forma. O grau de deformação ou "retorno" que uma superfície possui, irá determinar a velocidade de transferência entre o pé e o solo. Superfícies mais duras possuem um retorno de energia mais rápido, permitindo ao corredor cobrir a distância de maneira mais rápida. Superfícies mais maleáveis resultam em um tempo de contato mais longo, como resultado de suas propriedades flexíveis, que é diretamente relacionado com uma taxa de transferência mais lenta e portanto, o corredor cobre uma distância menor e de maneira mais lenta. As pernas do corredor, que funcionam como molas, precisam ajustar a rigidez de acordo com a deformidade do terreno. Isto é necessário para permitir uma duração adequada do contato do pé com o solo para produção de velocidade, e dessa forma o menor custo de demanda de oxigênio. Em outras palavras, o corpo necessita uma flexibilidade média para ser economicamente eficiente.



Pense em um solo duro como uma mola rígida e um solo mole como uma mola frouxa; isto deve ajudar com a visualização enquanto esmiuçamos as diferentes superfícies.

Asfalto

Asphalt
Pode parecer que  a superfície mais rígida forneceria a plataforma mais estável para empurrar o solo e portanto, permitir a maior velocidade. No entanto, o asfalto é tão denso que deminui a habilidade das pernas ganharem força vertical a partir de seu retorno (Freehery, 1986). Na realidade, o impacto do asfalto sobrepõe a energia elástica de retorno das pernas, resultando em uma neutralização do retorno positivo. Enquanto os músculos estão ocupados amortecendo a força do impacto, a estrada rapidamente retorna a energia elástica de volta para a perna, os músculos estão mau preparados para recebê-la. O corpo tenta diminuir o impacto desacelerando a fase de aterrissagem; este movimento de freio resulta em um tempo de contato mais longo e menores velocidades. Interessante é que se verificou que o concreto tem a maior força de impacto e o menor retorno entre todas superfícies, devido a sua densidade (Feehery, 1986). Mais, uma análise de ossos e articulações em um estudo em que ovelhas caminharam no concreto por um período de 2 anos, resultou em placas de osso subcondral e osso cortical espessados, resultando em um osso menos elástico e pouca capacidade de absorção de choques (Feehery, 1986). Em termos clínicos, este é um caso clássico de osteoartrite prematura. Pelo bem de suas articulações, quando possível, é melhor atingir o pavimento ao invés da calçada a fim de reduzir o impacto.


Grama

Grass
As superfícies de grama são comparáveis ao asfalto em termos de retorno de energia elástica na forma de propulsão vertical (Feehery, 1986). O ligeiro "retorno" da superfície e sua textura requerem que as pernas trabalhem mais para alcançar o mesmo esforço exercido no asfalto, embora sem o impacto. Isso faz com que a grama seja uma grande ferramenta de treinamento para atletas buscando construir força de membros inferiores, enquanto mantém os riscos de lesão baixos. Desde que a grama seja bem cuidada e o terreno razoavelmente nivelado, alguns atletas se aventuram a correr descalços, recebendo o bônus extra do fortalecimento do pé e tornozelo. Um corredor com tornozelos frágeis deveria ter cautela quando treinar na grama, incorporando gradualmente o treino descalço na sua quilometragem semanal.




Areia e Neve
Sand
Ambos, tempo de contato com o solo e comprimento da passada aumentam em superfícies muito maleáveis, como areia e neve, com a consequente diminuição da velocidade do corredor (McMahon & Greene, 1979). A neve pode ser escorregadia e frequentemente vem acompanhada com estradas congeladas, fazendo com que não sejam aconselháveis para corredores iniciantes. Areia fofa fornece uma sessão de exercícios de forte resistência para os músculos das pernas, especialmente as panturrilhas, com mínimo impacto nas articulações. Se o corredor for propenso à lesões no tendão calcâneo, é melhor evitar correr descalço e de preferência correr na areia mais compacta e menos fofa, perto da beira do mar por exemplo. A inclinação das dunas na praia, especialmente perto da água, é algo a se considerar também; corra em ambas direções igualmente a fim de evitar desenvolver desequilíbrios musculares, ou simplesmente encontre uma praia de superfície mais plana. Correr na areia definitivamente fornece uma sessão de exercício com alto gasto energético e rápido desenvolvimento de fadiga, por isso é melhor usar essa superfície para corridas de curtas distâncias.


Trilha

Leaves
Corrida em trilhas é um grande desafio, oferecendo variedade no terreno e no cenário para quebrar a monotonia dos quilômetros. A demanda da superfície irá depender da trilha. Trilhas largas de terra são tipicamente planas e livres de obstáculos. Enquanto que trilhas de via única mais estreitas são tipicamente para corredores mais avançados, que desejam um percurso que exija mais agilidade. A natureza da trilha requer que o corredor se adapte rapidamente à rochas, raízes, cursos d'água, curvas fechadas, animais inesperados e árvores/galhos caídos. O solo em si é de baixo impacto. No entanto, um clima adverso pode fazer com que a corrida adquira condições perigosas; deve se ter cuidado ao final do outono ou após uma tempestade de inverno, onde folhas e neve podem esconder buracos, rochas e raízes (N.T: Se refere à América do Norte)

Correr em trilha usa uma variedade de movimentos horizontais e oblíquos para alcançar uma colocação ideal do pé o que significa que o recrutamento de músculos estabilizadores é maior do que uma corrida em linha reta, retardando o início da fadiga nos grandes grupos de músculos das pernas (Farango, 2009). O recrutamento de músculos adicionais significa que a demanda por oxigênio também aumenta, por isso correr em trilha parece mais difícil para o sistema cardiovascular do que em outras superfícies.  A "rotação das pernas" aumenta (N.T: "Leg turnover" é o termo usado no original) já que é necessário uma alta reatividade e ajustes calculados precisam ser feitos para se manter a mesma cadência através do percurso; isto ajuda com o desenvolvimento da velocidade e eficiência da passada dentro e fora da estrada. 


Esteira

Running on a Treadmill
A esteira é quase sempre a primeira escolha do iniciante pela corrida mais segura e controlada. Um estudo verificou que as forças na superfície plantar do pé, uma medida de risco de lesão, foi mais baixa na corrida em esteira (Hong, Wang, Li & Zhou, 2012). Devido à assistência da esteira rolante no movimento durante a fase do contato do pé (fase de apoio do pé) na passada da corrida, uma velocidade constante pode ser alcançada com menor força propulsiva e menos impacto comparado com qualquer outra superfície (Hong et al., 2012) (N.T: Em relação ao impacto, as esteiras mais modernas permitem um impacto ainda mais reduzido, devido a um sistema de amortecimento à ar, em que se pode introduzir o peso do corredor fazendo com que ela regule um sistema de amortecimento individualizado). As superfícies das esteiras rolantes variam conforme a marca e modelo, mas em geral fornecem uma boa superfície para corridas de baixo impacto e para reabilitação de lesões.





Pista

Track and Field Running Surface
Popular nos circuitos cobertos de atletismo universitário e profissional, pistas "preparadas" levam a fama de conter uma quantidade otimizada de rigidez para produzirem um pico de retorno de energia, e portanto, maiores velocidades. Verificou-se que uma superfície que é 2 a 4x mais rígida do que a perna do corredor pode produzir o maior retorno de energia elástica (Feehery, 1986). Estas pistas, como as das universidades de Harvard e Yale são tipicamente construídas de madeira com cobertura de borracha e superfície inclinada para um efeito centrífuga, produzindo alguns dos tempos mais rápidos do mundo.


Considerando tudo, a variedade de superfícies disponíveis, têm a função de fornecer benefícios para qualquer estratégia de melhora que o corredor esteja buscando. Mesmo que a velocidade não seja um foco específico do plano de treinamento, a forma como estas superfícies sobrecarregam o corpo de diferentes maneiras, adicionam um desafio único para o corpo enfrentar e também servem como uma forma de recuperação para músculos sobrecarregados. 

O ponto de partida é simples:
Novas superfícies fornecem uma oportunidade para músculos acostumados sempre ao mesmo tipo de esforço experenciarem uma sensação diferente ("sobrecarga" diferente). Onde há uma sobrecarga muscular, existe uma confusão muscular que leva à adaptação, acompanhada por uma construção de força. Para todas as criaturas de hábitos arraigados por aí, façam um favor ao corpo: Saia fora da mesma rota batida e busque outros terrenos.



Referências
Bosch, F. & Klomp, R. (2005). Running: Biomechanics and exercise physiology applied in practice (pp.181-188).Maarssen, Netherlands: Elsevier.
Farango, S. V. (2009). Women are naturals for trail running. Triathlon Life, 12(4), 54-55.
Feehery, R. V. (1986). The Biomechanics of running on different surfaces. Clinics in Podiatric Medicine and Surgery, 3(4), 649-659.
Hong, Y., Wang, L., Li, J. X., & Zhou, J. H. (2012). Comparison of plantar loads during treadmill and overground running. Journal of Science and Medicine in Sport, 15(6), 554-560.
McMahon, T. A. & Greene, P. R. (1979). The influence of track compliance on running. Journal of Biomechanics, 12, 893-904.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

11 Maneiras de Identificar Desequilíbrios entre os Quadríceps

Mais um artigo que tem um enfoque no Método NKT e que faz menção ao Ciclo da Marcha.



11 Maneiras de Identificar um Potencial Desequilíbrio entre os Quadríceps

Dr. Brock Easter


O desequilíbrio entre os quadríceps pode levar a uma série de questões que frequentemente teimam em desaparecer e acabam sempre voltando. Se um deles é firme e o outro não, notamos frequentemente que o quadríceps que apresenta problemas é antagonista de isquiotibiais firmes (N.T: O que já altera o equilíbrio entre os opostos funcionais do membro) e que o quadríceps que é sólido será antagonista de isquiotibiais ineficientes. (N.T: Também apresentando problemas de equilíbrio entre grupos musculares antagonistas. Nesse caso temos em uma perna: quadríceps deficientes - isquiotibiais fortes; em outra: quadríceps fortes - isquiotibiais deficientes). Quadríceps e isquiotibiais do lado oposto são antagonistas no ciclo da marcha e saibamos que nossa anatomia é construída para a eficiência no ciclo da marcha.

Temos a tendência a pensar que os isquiotibiais estão "sempre tensos" e que os quadríceps estão "sobrecarregados" ou "dominantes", mas frequentemente deixamos passar os desequilíbrios entre o quadríceps dos 2 membros. Quando questões como essa ocorrem no plano sagital, vêm quase sempre acompanhadas por problemas de desequilíbrios nos planos frontal e transverso, o que pode dificultar conseguir chegar na raíz do problema. Na minha experiência, problemas no plano sagital são frequentemente a prioridade, e corrigi-los pode fazer com que resolvamos uma série de questões no corpo todo. 

Aqui vão 11 maneiras de identificar potenciais desequilíbrios entre os quadríceps (e por consequência, dos isquiotibiais):


1. A posição meio ajoelhada é mais confortável e estável em um lado. O sinal de Trendelenburg pode ser observado, já que a pelve estará comprometida no plano frontal em um desequilíbrio entre os quadríceps.
Queda da pelve no plano frontal

Posição meio ajoelhada


















2. Corrigir problemas nos planos frontal e sagital resultam em melhoras temporárias. 


3. Pessoa que sempre com o mesmo quadril flexionado, independente para que lado deite.


4. Assimetria na elevação ativa da perna estendida (N.T: Active straight leg raise. Um dos 7 testes do FMS - Functional Movement Screen).
Teste da elevação ativa da perna estendida - active straight leg raise


5. Cirurgia prévia no joelho (ligamento cruzado anterior - LCA, menisco, etc.). Procure por atrofia no quadríceps do joelho operado.


6. Prévia luxação no joelho. Procure por hipertrofia no quadríceps do joelho lesionado, já que os isquiotibiais deste lado tem dificuldade de controlar a rotação da tíbia.


7. Durante a marcha, observe assimetria no comprimento da passada, tempo gasto em uma perna (N.T: Ver se existe diferença no tempo da fase de apoio da marcha, entre o apoio na perna direita e esquerda) e a extensão do quadril.



8. Um quadril terá maior rotação interna do que externa, o oposto se verifica no membro oposto (N.T: Maior rotação externa).


9. Avalie com atenção o tamanho do quadríceps proximal, analisando de lado. Uma vez que um quadríceps está hiperativo, o isquiotibial do membro oposto também estará, então as medidas gerais de circunferência da coxa podem não captar essa diferença.


10. Ílio rodado anteriormente em um lado da pelve em relação ao outro (N.T: Um lado da pelve estará mais a frente).


11. Deslocamento do peso corporal assimétrico durante o agachamento (N.T Joga o peso para o lado do quadríceps mais "forte". Poupando a outra perna).

Como sabemos, não existem absolutos, e alguns desses sinais podem estar presentes mesmo que não existam desequilíbrios entre os quadríceps, então eu sempre me certifico de usar o Método NKT para confirmar meus resultados.

Não está  familiarizado com o NKT? Junte-se a nós no mês de novembro para os cursos em Porto Alegre ou Fortaleza: www.fortius.com.br

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 2

Segunda parte do artigo sobre condicionamento físico escrito pelo Joel Jamieson, assim como na parte 1, ele disponibiliza uma série de links com artigos e vídeos, então nestas 2 partes existe MUITA informação a respeito de condicionamento físico que vale a conferida.

Aos que não leram a parte 1, aí vai o link: O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 1. 

Boa leitura aos amigos.




O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 2
Joel Jamieson


5. Melhore o Movimento
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O mundo do fitness tem visto um enorme aumento da importância de movimentos fundamentais sólidos nos últimos anos. Quase que da noite para o dia, termos como "Treinamento Funcional" começaram a dominar a indústria.

Embora não haja dúvidas que a mudança de ênfase tenha feito mais bem do que mal, isso as vezes tende a colocar um foco em áreas do movimento que nem sempre têm uma transferência no desempenho e no condicionamento físico.

O que quero dizer com isso é que avaliar e trabalhar para melhorar movimentos com a carga corporal somente, pode certamente oferecer um bom e valioso retorno de informação (N.T: Retorno de informação, tradução da palavra em inglês "feedback", que também é muito usada no português), qualidades de movimento também precisam ser avaliadas sob altas cargas, altos níveis de fadiga e também no desempenho dos movimentos esportivos.


Não há dúvida que ser fundamentalmente sólido e eficiente em todos movimentos irá ajudar a melhorar o condicionamento, mas claro que o mais importante destes movimentos são aqueles que de fato acontecem no esporte de escolha de cada um.

Isto significa que você deveria usar avaliações de movimentos que abrangem padrões de movimento gerais, assim como aquelas que são inerentemente específicas aos movimentos do seu esporte ou objetivos.

Aqui vai uma grande dica que pretendo aprofundar em um futuro próximo: Como seu corpo move quando está fadigado é altamente treinável. Forçar o corpo a um estado de fadiga não deveria ser visto apenas como um teste de resistência mental, mas também como uma oportunidade de redefinir a maneira pela qual o corpo reage à fadiga.

Isto é o que realmente significa "treinamento funcional" - ou ao menos é o que deveria significar.

Para ver alguns grandes exemplos de como construir qualidade de movimento, confira estes vídeos do Dr. Gerry Ramogida e Kendal Yonomoto:

Joint Mechanics: The Foot
Joint Mechanics: The Knee
Joint Mechanics: The Hip
Joint Mechanics: The Shoulder

Med Ball Training for Movement

Med Ball Training for Movement: Part II
Med Ball Training for Movement: Part III


6. Use Intensidades Altas e Baixas
Nos últimos anos, parece haver um culto ao "sem dor sem ganho" (N.T: Ditado em inglês, também popular no Brasil: "no pain, no gain"). Junto a isso a ideia de que quanto maior a intensidade melhor. 

conditioning consititution
Não pare quando machuca, pare quando tiver terminado.

Por outro lado, os métodos de baixa intensidade ganharam uma má reputação. Por que treinar de maneira "longa e lenta" quando se pode ter os mesmos resultados na metade do tempo usando alta intensidade?

A realidade é que existe espaço para usar ambos, alta e baixa intensidade. Não somente se deveria usar ambos, mas a maneira como se organiza os métodos de alta e baixa intensidade também é crítica. 

Por exemplo, uma sessão de baixa intensidade pode ajudar na recuperação do sistema nervoso após um dia exaustivo de alta intensidade, OU levar a uma lesão por uso excessivo (N.T: Overuse) e impedir uma melhora contínua caso seja usado como único método de treino.

Da mesma forma, uma sessão de alta intensidade pode fornecer um estímulo apropriado para a melhora do condicionamento e aumentar a reserva de potência anaeróbica, OU pode levar ao overtraining e diminuir a performance se usado como único método de treino.

Ainda que eu seja frequentemente conhecido como o cara que trouxe de volta para a discussão métodos de baixa intensidade, com artigos como: Roadwork 2.0 e meu livro: Ultimate MMA Conditioning, a verdade é que em qualquer esporte que requeira um equilíbrio de força, potência e resistência, existe a necessidade de mais do que apenas um nível de intensidade. Se eu tenho prestado mais atenção para intensidades mais baixas nos últimos anos é somente porque o trabalho em intensidade mais baixa parece estar sob mais ataque.

É mais difícil convencer alguém da importância de um treino sustentável e de um planejamento a longo prazo do que estimulá-lo a terminar uma sessão de exercícios a qualquer custo.
Caso em questão: o crescimento da CrossFit.

Felizmente, a maré parece estar mudando de volta a uma abordagem mais balanceada, porque qualquer um que passe mais do que alguns meses tentando treinar em alta intensidade todo o tempo, inevitavelmente acabará atingindo um platô e irá se machucar cedo ou ou tarde.
Uma abordagem de treinamento mais sensível e inteligente, usa uma variedade de intensidades ao longo do tempo para construir o corpo sem lentamente ir se quebrando ao mesmo tempo.

Se você quer ver em primeira mão como eu arranjo sessões de treino de alta/baixa intensidades em uma amostra de programa, confira:
Programa de Condicionamento Físico de 4 semanas.

Se quiser realmente entender o que sessões de alta e baixa intensidade estão fazendo por você em termos de desenvolvimento dos sistemas energéticos, confira:
A Verdade a respeito dos Sistemas Energéticos.

Se quiser aprender mais a respeito do efeito do treinamento intervalado de baixa intensidade, mais um artigo que pode ajudar:
Putting an End to the Long Slow Distance vs. High Intensity Interval Training (HIIT) Debate.

Para cobrir os vários métodos intervalados que podem ser usados nos treinos de alta e baixa intensidade, confira estes artigos e vídeos:

Para mais informação sobre treinamento de alta/baixa intensidade, mais este artigo: High-Low Training



 7.  Se mantenha saudável



Primeiro e único, o ponto chave na prevenção de lesões é entender que é necessário uma abordagem multifacetada para alcançar isso. Enquanto coisas como autoliberação miofascial, alongamento, terapia manual, exercícios corretivos, etc. São peças importantes do quebra-cabeças, o valor de gerenciar o estresse, monitorar o treinamento, ter um programa nutricional sólido, ter um sono adequado, etc. Não pode ser exagerado quando se trata de se manter saudável e prevenir lesões.

Prevenção de lesões diz respeito a duas coisas: Iniciar tudo com o estado mental certo e entender seu corpo. Entender seu corpo vem de prestar atenção a como você responde ao treino, sono, nutrição, estresse mental, viagens, etc. Todo atleta deveria manter um registro detalhado de treinamento onde estas coisas são monitoradas.

No que diz respeito à estado mental, o mais importante é evitar a mentalidade "mais é sempre melhor" que é uma praga nos programas de treinamento de muitos atletas. A quantidade certa é suficiente, e muito além disso na maior parte das vezes causa mais danos do que benefícios. 

Então, como saber qual é exatamente a "quantidade certa"?
Bem, isso inicia com o princípio sobre o qual falaremos a seguir: Monitoramento e Gerenciamento.
Materiais sobre recuperação e prevenção de lesões:


8.  Monitoramento & Gerenciamento


Com o rápido crescimento na disponibilidade e acessibilidade da tecnologia portátil hoje em dia, tornou-se razoável para cada atleta monitorar a si mesmo e fazer com que seus programas sejam mais efetivos. Monitores de frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca, rastreadores de atividade, GPS, etc. Têm feito com que seja mais fácil do que nunca monitorar, gerenciar, e coletar retorno de informações biológicas que podem ser usadas para aprender a respeito do corpo e individualizar o programa.

Existem 2 pontos chave para fazer este tipo de tecnologia funcionar:
1) Não inicie tentando monitorar tudo e qualquer coisa. Coletar mais dados do que você é capaz de lidar somente irá levar a mais confusão. Com o passar do tempo, você pode passar a incorporar mais ferramentas, comece de maneira simples. 

Se quer iniciar com apenas uma ferramenta de monitoramento, medir a Variabilidade da Frequência Cardíaca, usando o BioForce HRV por exemplo, é a melhor para se começar porque mede a prontidão para o treinamento e ajuda a medir o impacto de tudo, desde o treinamento até a nutrição, sono, tudo em um único número.

A partir daí, as próximas ferramentas para adicionar seriam as que permitem medir o volume, intensidade e stress de suas sessões de treinamento. Um bom monitor de frequência cardíaca, algo como o Polar RS300, junto com o PUSH band, são os 2 melhores produtos desta categoria. O monitor pode ajudar a medir o efeito de treinamento de qualquer tipo de trabalho cardiovascular e a PUSH band faz a mesma coisa em relação à exercícios de força.

2) O segundo ponto chave para fazer esse tipo de tecnologia funcionar é começar a usar.

Frequentemente, pessoas e equipes coletam um monte de dados, mas nunca fazem nada com esses dados. Se você for gastar dinheiro e tempo para coletar dados, então você deve usá-los para melhorar seus resultados.  

Um monitoramento efetivo e uma estratégia de gerenciamento deveria funcionar para reduzir a quantidade de adivinhação que ocorre na maioria dos programas. Você não deveria ter que adivinhar o que fazer hoje, ou se perguntar se realmente está melhorando ou não.

Assim como não sairia dirigindo através do país sem um GPS para ajudá-lo a chegar ao destino, não há necessidade de vagar sem rumo no seu programa de treinamento, se perguntando quando os resultados vão aparecer.

Dê uma olhada nestes artigos e vídeos para ter uma ideia melhor de como usar estas tecnologias, a fim de tirar o máximo de seu programa de treinamento:



Aqui vai o que fazer agora...

Por mais de 15 anos tenho ajudado atletas de todos os níveis a melhorar seu condicionamento ao fazer nada mais do que seguir os princípios que descrevi acima.

Não existe fórmula mágica, nenhum super segredo e nenhuma pilula mágica no que diz respeito à condicionamento....mas a verdade é que nada disso é necessário, porque os princípios básicos são incrivelmente efetivos quando são seguidos como descrevi acima.

Tire algum tempo, veja todos os recursos disponibilizados neste artigo e inicie avaliando seu programa em comparação para ver o que está faltando.

Você entende realmente as demandas específicas do esporte para o qual está se preparando?

Os métodos usados estão baseados em ciência e levando o corpo a se adaptar da maneira certa?

Você está tirando vantagem das últimas tecnologias como o HRV (N.T: Heart Rate Variability: Variabilidade da Frequência Cardíaca) para eliminar a adivinhação e parar de perder tempo?

Se a resposta a qualquer uma dessas perguntas é não, então comece a arrumar seu programa aos poucos. Encontre o que está atrapalhando o desenvolvimento do seu condicionamento e faça as mudanças necessárias para consertar.

Sejam quais forem seus objetivos ou habilidades, não há dúvida que seu condicionamento pode ser melhorado, e isso pode ser feito rapidamente, fazendo nada mais do que seguir os princípios simples que descrevi ao longo deste artigo.

Agora é tempo de trabalhar...

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 1

Artigo do Joel Jamieson falando sobre condicionamento físico, ele é considerado um especialista no assunto por vários profissionais americanos, trabalha bastante com atletas de MMA, inclusive escreveu um livro muito bom sobre o assunto (Ultimate MMA Conditioning) vale a leitura não só para aqueles que trabalham com atletas de MMA , mas por todos que se interessam sobre condicionamento físico. Aos que quiserem dar uma conferida no site do cara: 8 Weeks Out. Ele aborda o panorama geral do assunto de maneira um pouco mais aprofundada, além de linkar diversos vídeos e outros artigos.

Como o artigo é extenso, dividi em 2 partes para facilitar a leitura, mas os que quiserem ler na íntegra no original em inglês, aí vai o link: The Ultimate Conditioning Guide.

O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 1
Joel Jamieson

Se você já leu algum de nossos artigos, deve ter notado um tópico comum. Na verdade, a maioria de nossas postagens são elaborações de alguns princípios fundamentais do condicionamento físico e fitness. A verdade é que ter um grande condicionamento físico não é assim tão difícil como algumas pessoas acham que é, mas também é muito mais do que treinar sempre até cair no chão, como muitas pessoas fazem frequentemente. 

Para ajudá-lo a saber o quão fácil é ter uma boa forma física, eu repassei a seção inteira de artigos de nosso site (N.T: 8weeksout) para dar a você....


O Guia Definitivo do Condicionamento Físico

Existem 8 princípios fundamentais do condicionamento destilados a partir de mais de 15 anos de trabalho com atletas de elite de diferentes esportes, de todas as partes do mundo.


1. Conheça as demandas do seu esporte
dave-tenney 


Isto parece ser simples, mas é impressionante quantas pessoas focam em treinar o sistema energético errado para seu esporte (falaremos mais a respeito no #5).
Quais as demandas específicas que seu esporte coloca no corpo?

Ele é primariamente curto e explosivo por natureza; duração mais longa com baixa produção de potência, ou alguma mistura de ambos?

O primeiro e mais importante princípio de todos é que você precisa iniciar por verdadeiramente entender as demandas dos sistemas energéticos do seu esporte ou do seu objetivo em particular. 

Aqui vai uma dica: Se seu esporte tem duração maior do que 60 segundos de atividade, terá um componente aeróbico enorme.  

Em outras palavas, se você é um atleta de combate e está se preparando para 3 assalto de 5 minutos cada, então porque ficar fazendo sparring 8-10 assaltos direto? A maneira certa de fazer isso, presumindo que você quer fazer 8-10 assaltos, seria treinar 3 assaltos de 5 minutos, descansar 10-15 minutos ou mais e então lutar outros 3 assaltos e assim por diante. 

Seus esforços no treino serão muito melhor recompensados se você verdadeiramente entender as demandas energéticas totais e o ambiente do esporte, então preparar o corpo para isso.

O primeiro e mais importante princípio é iniciar compreendendo as demandas energéticas do esporte ou do objetivo em particular

Para chegar ao fundo da questão de saber exatamente as demandas do seu esporte, você pode iniciar com estes recursos:




Uma vez que tenha entendido o que é necessário para seu esporte, pode começar a descobrir o que precisa melhorar. O que nos leva ao número 2....


2. Avalie suas Fraquezas

Todos gostamos de treinar áreas em que somos bons, mas isso não irá contribuir no quadro geral de ter um bom condicionamento físico. Muitos atletas têm falhado em melhorar ao longo dos anos porque usam todo seu tempo de treinamento no que já são bons enquanto negligenciam as coisas em que têm mais dificuldade.
Essa é uma grande receita para treinar duro, mas não para treinar de maneira inteligente.

É de vital importância avaliar o condicionamento físico, para que se possa entender e minimizar as fraquezas dentro do contexto do seu esporte.

De novo, seu foco deveria ser treinar para as demandas do seu esporte, então claro que não existe razão para sair em corridas de longa distância se sua avaliação mostra que lhe falta resistência, mas você está treinando para uma prova de arremesso de peso.

Como pareceria sua avaliação?


A resposta é, depende do seu esporte. Uma das coisas mais importantes para se ter em mente no entanto, é que a avaliação deveria ser relacionada com a performance do esporte ou relacionada ao seu objetivo. Todos testes e avaliações do mundo não farão bem algum se os resultados tem pouco a ver com a performance no mundo real. 

Você pode ver um exemplo simples de como eu uso testes e avaliações para me ajudar a guiar a programação checando este Programa de Condicionamento de 4 Semanas (grátis). No vídeo 1, falo sobre algumas avaliações básicas que se transferem para a maioria dos esportes que requerem um equilíbrio de força, potência e resistência.


3. Siga um Programa de Treinamento
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Frequência Cardíaca de Repouso abaixo de 60 e/ou Variabilidade da Frequência Cardíaca abaixo de 80 - Exemplo de Treinamento Semanal. 
Treinando de maneira cega sem um mapa que lhe mostre onde quer chegar é uma perda de tempo. Existem muitas maneiras eficientes de se treinar e ver os resultados que deseja.

O treino deveria ser estruturado de maneira que os benefícios de cada sessão tenham um efeito cumulativo. Isto significa que a racionalização por trás da sessão diária e onde ela se encaixa no panorama geral deveria ser definida claramente antes de se entrar na academia.

Não é suficiente apenas treinar duro e esperar que os resultados simplesmente apareçam. Isso é igual investir dinheiro cegamente no mercado financeiro e esperar ficar rico, apenas porque fez um investimento. Ser bem sucedido requer uma abordagem inteligente, e assim como é necessário investir o dinheiro sabiamente se queremos que ele cresça, é preciso investir o tempo sabiamente se realmente se quer que o condicionamento melhore. 

Usar algum programa aleatório que alguém colocou online não é a maneira mais eficiente de treinar (e frequentemente é perigoso). Seu programa deveria ser específico À seus objetivos, em que período está da temporada, histórico de lesões, etc.

Resumindo, tenha um plano e se assegure de que foi projetado para você. Se não sabe como fazer um plano de treinamento ou quer ser melhor nisso. Eu tenho alguns recursos disponíveis:

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Ultimate MMA Conditioning (N.T: Esse é o livro que o Joel Jamieson escreveu, achei um livro muito bem fundamentado e bom de ler. Vale a conferida):
Você vai ter os detalhes de quais métodos e exercícios trabalham cada sistema energético, qual é o objetivo de cada método, como organizar os métodos dentro da semana de treinamento, como estruturar os programas tendo em vista o panorama geral dentro da especificidade de seu esporte, etc.


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Conditioning Blueprint: Junto com modelos de sessões de treinamento, você irá aprender os princípios básicos receber uma instrução passo a passo que irá fazer com que fique mais fácil montar programas de treinamento. Irá entender quais avaliações irão ajudar a escolher os métodos de treinamento certos, irá saber como estruturar blocos de treinamento e aprender[a com analisar e administrar o programa de treino em uma base diária, semanal e mensal.


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Free 4 week Conditioning Program: Esse é um curso intensivo na escolha de métodos de treinamento adequados. Irá receber um programa de 4 semanas grátis e eu irei guiá-lo através do que cada cada método e exercício realiza dentro do panorama geral.


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Bondarchuck Principles of Periodization: O Dr. Anatoly Bondarchuk é amplamente reconhecido com um dos melhores, mais bem sucedidos treinadores da história dos esportes. Nesta série de vídeos, analisamos os princípios por trás do sistema de programação de Bondarchuck, para que você possa aplicar seus conceitos ao seu próprio treinamento (Vídeo #1Vídeo #2;.Vídeo #3Vídeo #4). 


4. Combine os Métodos com os Objetivos
Aqui vai uma verdade simples: nem todos os métodos foram criados igualmente.

Frequentemente, as pessoas pensam que o processo de criação de um programa de exercícios é nada mais do um processo de escolha de exercícios, como se tudo que é necessário seja alguma combinação mágica de exercícios.

A verdade, no entanto, é que a efetividade dos exercícios depende da maneira como são aplicados, e é aí que os métodos de treinamento entram na jogada.
Os métodos definem como os exercícios deveriam ser desempenhados e isto é o que em última análise, dita os resultados que irão produzir.

Dependendo de seus objetivos de performance, habilidades, equipamento disponível, etc. existirão métodos que são melhor talhados para o que se está tentando atingir e outros que simplesmente não são.

O ponto de partida é entender como um método de treinamento funciona, o que causará de mudanças, como o corpo reponde a ele, como se encaixa no seu programa de treinamento, etc.

Não somente isso, mas os métodos deveriam variar dependendo do momento em que se encontra no ano de treinamento.

Para exemplificar o que estou falando em relação à métodos de treinamento, confira estes artigos e vídeos:

High Resistance Interval Training

Tempo Intervals ans MMA Fitness

Secrets of Muscular Endurance (particularmente o segredo #1)