segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Princípios do Movimento - Número 6

Retomando a série dos princípios do movimento depois de algum tempo de inércia.
Agradeço aos amigos Prof. Tiago Proença pelo "estímulo" à retomada dos trabalhos e ao Prof. Cesar Silva pelo auxílio na tradução.
Essa é mais uma adaptação do que uma tradução, me deu um tanto de trabalho este, não só os termos e palavras, como a compreensão da mensagem que o Gray Cook queria transmitir, ainda não tenho certeza de que consegui entender a profundidade de sua mensagem, ainda estou com aquela sensação de que algo me escapou.
Se os amigos leitores quiserem adicionar suas correções, sintam se a vontade, o artigo original está aqui:
Gray Cook: Movement Principle #6
Boa leitura a todos.

E aos que perderam os capítulos anteriores aqui vão os links:
- Princípios do Movimento #1
- Princípios do Movimento #2
- Princípios do Movimento #3
- Princípios do Movimento #4
- Princípios do Movimento #5

Princípios do Movimento #6
Gray Cook

Princípio 6: "A percepção direciona o comportamento do movimento e o comportamento do movimento modula a percepção"



A questão é: Como os movimentos se desenvolvem naturalmente e como grandes performances acontecem? Será que as mesmas forças produzem tanto o primeiro passo de uma criança quanto uma autêntica corrida? Ambos são conduzidos por entradas de informações (input) que influenciam a percepção. Ficamos presos na prática, na saída de informações (output) e supomos que a nossa entrada de informações é igual àquela que queremos imitar. Nós executamos um exercício passo a passo e supomos que nosso cérebro encontrará valor e portanto irá agregar isso à memória dos padrões de movimento.

Deveríamos saber melhor, mas todos esperamos que o resultado das práticas de movimentos irão criar padrões de movimento favoráveis. Na verdade deveríamos estimular todas as informações sensoriais (N.T: refere-se a entrada de informações: input no inglês) que produzem padrões de movimento gerais e específicos, ao invés de apenas praticar o resultado motor (N.T: refere-se a saída de informações: output no inglês) Isso irá colocar o foco na percepção, e quando alcançarmos a dosagem correta de percepção, o comportamento (motor) irá fornecer o retorno de informação (feedback)

Atores imitam as características dos personagens que interpretam e frequentemente nos convencem, mas isso está no script. O ator não é o personagem, mas por um breve tempo ele age como se fosse. Tratamos o exercício e a reabilitação da mesma maneira.  Treinamos os movimentos em um ambiente controlado e assumimos que mudamos o comportamento motor em outras situações e até mesmo outras atividades. Mas esquecemos que quando o ator deixa o palco e retorna a sua vida diária, acaba por esquecer a vida do personagem. Nossos pacientes e clientes frequentemente fazem a mesma coisa. A maneira como se movem contará a estória do quanto aprenderam e o que acabaram esquecendo. 

Este princípio nos lembra que existe um círculo contínuo de informação chegando, e consequentemente de atividade sendo produzida. A atividade produzida está sempre tentando se ajustar à entrada de informações. Se ajustarmos em demasia, podemos causar uma queda ou perda de equilíbrio. Se ajustarmos de menos, também cometeremos erros.  


Por exemplo, quando treinamos, esquecemos que estamos fazendo uma série de 10 repetições - nós quase podemos pensar nisso como 10 séries de 1 repetição. Alguns bons exemplos práticos advém disso.
Quando ensino o levantamento terra, eu uso uma dica que me foi dada pelo Pavel (Pavel Tsatsouline, russo considerado o responsável por reintroduzir e popularizar o kettlebell nos USA): Vamos fazer 1 repetição de um levantamento terra, coloque o peso de volta no chão, fique em pé, flexione o quadril e faça tudo isso novamente (N.T: trocando em miúdos, isso quer dizer, fazer uma repetição, colocar o peso de volta no chão, ficar em pé-sem o peso, ajustar novamente a postura e posição corporal e então fazer mais uma repetição com peso. Alternando repetições com e sem peso para melhorar a entrada e saída de informações: input e output).
O que Pavel está nos dizendo é que entrar em posição, fazer uma puxada respeitável é tão importante quanto ficar subindo e descendo, batendo os pesos no chão na tentativa daquela quinta repetição.

Entrar em posição, ajustar o alinhamento, criar tensão e fazer um movimento respeitável são partes do processo. A consciência de cada um a respeito do movimento é quase tão importante quanto o resultado, o alinhamento ou a posição do corpo.


Eu passo um pouco mais de tempo ajustando a entrada de informações. Eu realmente tento extrair mais do sistema sensorial para que eu tenha o resultado desejado sem ter de pedir por isso (N.T: Refere-se a dar muitas dicas verbais ou ficar arrumando a posição, como muitos de nós fazemos habitualmente). Se eu peço, posso até ver um movimento sendo bem executado, mas não tenho a certeza de que realmente mudei o comportamento motor desta pessoa.


Quando damos muitas dicas verbais, apenas fazemos com que as pessoas reproduzam algo no espelho sem realmente dominar a flexão do quadril, a estabilidade do ombro ou a postura unipodal. estamos vendo as pessoas fazendo uma pose, porque é o que elas pensam que queremos que elas façam. Tente uma estabelecer uma situação mais holística, para que eles possam reproduzir alguns dos padrões de movimento que estamos treinando. Se não há uma aplicação prática do treino, por que estamos fazendo isto? 


A maioria das pessoas, quer seja um jogador profissional de futebol americano ou alguém que espera apenas ter uma boa sessão de exercícios, assumem que o investimento no exercício terá uma transferência. Fazem isso para sentirem-se melhores, parecerem melhores, conseguir um contrato de 5 milhões de dólares, vencer uma corrida de 5km, etc. 


Todos temos expectativas relacionadas à nossos exercícios. O exercício não deveria ser uma entidade por si só. É uma situação de aprendizado. A sessão de exercícios, como Dr. Ed Thomas explica eloquentemente, é um efeito colateral. O benefício físico de suar e liberar endorfinas é simplesmente um efeito colateral de ter uma incrível experiência de aprendizado corpo-mente.


Fico muito desapontado quando vejo pessoas apenas "quebrando" seus clientes ou a si próprios. Você não ganhou ou adicionou nada àquela sessão de treino, nada a não ser queimar algumas calorias  que poderia ter queimado facilmente por ter alguma integridade no movimento.



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