quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Expansão da Abordagem Articulação por Articulação - Parte 2

Continuando o artigo extraído do último livro do Gray Cook. Observando que as figuras colocadas nos textos são por minha conta para facilitar o entendimento (não existem no artigo original).
Abraço aos leitores.

Expansão da Abordagem Articulação por Articulação – Parte 2
Gray Cook


Retirado do livro: Movement: Functional Movement Systems - Screening, Assessment and Corrective Strategies (N.T: Livro lançado em agosto de 2010, ainda sem tradução em português).

Revisando as articulações

Eu frequentemente inicio a discussão no pé, onde eu me submeto a Todd Wright e Gary Gray. Eles tem uma grande perspectiva e discussão com respeito ao pé. As pessoas sempre tentam me puxar para uma discussão: de cima para baixo ou de baixo para cima, mas eu não estou comprometido com uma ou outra maneira. Os problemas podem vir de qualquer lugar e serem corrigidos por qualquer abordagem. A grande questão é o que você vê.

Aqui está um exemplo.

Vamos dizer que façamos uma análise do movimento e percebamos que os padrões de elevação da perna (Active straight-leg raise), mobilidade do ombro, estabilidade do tronco e estabilidade rotacional são ótimos, mas em pé, o agachamento, o passo sobre a barreira (hurdle step) e o avanço (lunge) são ruins. Você precisa considerar o pé. Por isto as coisas estavam indo tão bem até que o pé foi solicitado à dar sua contribuição. O que não implica um problema no pé; simplesmente sugere que os comportamentos e percepções são comprometidos quando o pé toca o solo.

Elevação Ativa da Perna (Straight Leg Raise)

Passo Sobre a Barreira (Hurdle Step) e Avanço (lunge)



Aqui está o que eu quero que as pessoas saibam: O cérebro e suas vias de informação trabalham de 2 formas. Não apenas mandamos informação até a medula espinhal e de lá até as mãos e os pés. Estamos também enviando informações através das mãos e dos pés.

Se os pés são frouxos(sloppy) e a pegada é ruim, o indivíduo não só provavelmente não irá ativar os músculos certos, como nem mesmo irá enviar a informação sensorial correta. Deixe-me dizer novamente. Se existe algum comprometimento de mobilidade ou estabilidade entre o pé e o cérebro, é como estar em pé sobre duas mangueiras de jardim querendo saber onde está toda água. O caminho da informação é dividido em duas maneiras... para cima e para baixo.

O pé já não é um órgão sensorial, pois qualquer informação que o pé possa coletar em seu alinhamento normal foi comprometida. O pé tem que pronar ainda mais por causa de um tornozelo rígido, ou talvez o pé tenha que ser muito ativado através dos flexores plantares por culpa de um joelho frouxo.

Pé Pronado:


A outra razão pela qual temos de “limpar” este padrão; não é apenas uma via sensorial descendente; é uma via sensorial ascendente também. O pé se manterá achatado para conseguir mandar informação sensorial tanto quanto possível, porque o cérebro sabe que há um problema. Ele está esperando que mais informação irá ajudar. Se você tem um posicionamento ruim de ombros em movimentos de puxar ou empurrar, você vai fazer coisas com sua pegada que não são tão autênticas quanto poderiam ser.

Vamos voltar para o pé. O pé precisa ser móvel, mas ele é criado para ser inerentemente móvel. Observe quantos ossos, quantas articulações estão no pé. Existe movimento em toda parte a menos que haja artrite. O papel muscular neste pé deveria ser o de estabilidade, é por isso que existem todos aqueles músculos intrínsecos. Estes músculos que habitam o interior do pé, dentro do arco do pé.














Então, temos o tornozelo. É um osso, articulação estável. Você nunca verá muitas pessoas com uma dorsiflexão ou uma flexão plantar exagerada. Mas por ocorrerem entorses ou luxações por inversão ou eversão elas pensam que devemos treiná-lo para estabilidade.

Na maioria das vezes o paciente com o tornozelo torcido também terá restrição na dorsiflexão, a menos que tenha pisado em falso ou tenha sido uma lesão por trauma. Existe uma grande prevalência de dorsiflexão restrita em pessoas que apresentam problemas de joelho, seja ligamento cruzado anterior ou ligamento colateral medial.

Quando o cliente consegue agachar até a coxa ficar paralela ao solo, frequentemente deixamos de fora os últimos 10º de dorsiflexão, pensando que isto não é grande coisa. Queremos que o pé seja estável, mas isso não significa que o pé tenha de ser rígido. Queremos um pé móvel que seja instantaneamente estável e empurre o solo, mas também que seja relaxado o suficiente para acomodar uma grande amplitude de movimento.

O pé tem de ser adaptável, mas também tem de ser instantaneamente estável. O tornozelo tem que ter liberdade de movimento. Não pode haver restrições no tornozelo. Ele também tem de ser estável, mas um dos maiores problemas que nós vemos é a falta de dorsiflexão. São nossos calçados? É a maneira que treinamos? É tudo isso. Os músculos que se inserem ao redor do tornozelo tem grande alavanca e força, mas a mobilidade fornece a maior função global para utilizar a força potencial e potência no tornozelo.


Precisamos desse reflexo inerente de estabilidade no pé. Precisamos ter o tornozelo “limpo” quando se trata de flexão plantar e dorsiflexão.

Os joelhos são simples articulações em dobradiça. Eles supostamente flexionam e estendem, e quando começam a rodar demais ou mover em valgo ou varo, começamos a ver problemas no joelho. Será que o joelho precisa ser móvel? Sim, mas uma vez que é móvel, ele precisa ser estável o suficiente para ficar no plano apropriado de movimento onde seus atributos funcionais são possíveis e práticos.


As articulações de rotação (N.T: de membros inferiores) são o tornozelo e o quadril. O tornozelo não é apenas uma dobradiça, e o quadril não move em apenas um plano. O joelho é uma articulação mais comum. O que queremos ver no joelho é que uma vez que temos mobilidade, precisamos de estabilidade.

Quais são os problemas mais comuns que encontramos no quadril? Podemos ver um quadril com frouxidão? Podemos ver um quadril com deslocamento? Sim. Mas em geral, vemos muito mais quadris que não tem mobilidade completa.

Problemas nos pés: As pessoas perdem sua estabilidade.

Problemas no tornozelo: As pessoas perdem sua mobilidade.

Problemas no joelho: As pessoas perdem sua estabilidade.

Problemas no quadril: As pessoas perdem sua mobilidade.

Agora estamos na coluna lombar: As pessoas perdem sua estabilidade.

Então, mais uma vez estes não são os 10 mandamentos, mas existem tendências comuns quando ocorrem lesões, treinamento ruim, dominância unilateral, falta ou excesso de treinamento. Estas são tendências comuns que ocorrem no corpo; não são absolutos.

3 comentários:

  1. Perfeito Klunga. Penso da mesma maneira e isso me guia na hora de ordenar o pensamento. Espero q alguns alunos leiam e abram e mente ehehehehehe

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  2. Parabens pelo blog

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  3. Mestre, espera pra ver o desfecho do artigo, realmente esse cara está anos-luz a frente da maioria.
    David, que bom que gostou, sinta-se a vontade para comentar e dar suas sugestões. Obrigado.

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