Artigo escrito em parceria com o fisioterapeuta
Gustavo Mesquita, de Minas Gerais, que foi quem me apresentou ao tema dos Drives Neurais.
Originalmente esse artigo não era dividido em 2 partes, nesta adaptação para o blog preferi dividi-lo ao meio para facilitar a leitura, além de acrescentar umas poucas informações a mais.
Aos que quiserem receber o pdf do artigo original, podem acessá-lo nessa landing page: Artigo Drives Neurais.
O Instituto Fortius também tem um Workshop do Gustavo Mesquita falando sobre os Drives Neurais, aqui vai o link para poderem assistir à primeira parte free: Workshop Fortius Drives Neurais.
Boa leitura aos amigos.
Aos que quiserem receber o pdf do artigo original, podem acessá-lo nessa landing page: Artigo Drives Neurais.
O Instituto Fortius também tem um Workshop do Gustavo Mesquita falando sobre os Drives Neurais, aqui vai o link para poderem assistir à primeira parte free: Workshop Fortius Drives Neurais.
Boa leitura aos amigos.
O que são Drives Neurais?
Gustavo Mesquita e
Marcus Lima
- Todos sabemos que o cérebro humano é como um
computador, com milhares de programas rodando simultaneamente de uma maneira altamente
complexa.
- Mas será que existe uma maneira de editar um
programa motor defeituoso?
- Substituindo o programa defeituoso por um novo
que rode de maneira eficiente?
Essas são algumas das questões que tentaremos responder neste artigo...
Os Drives Neurais podem ser entendidos como uma perspectiva da neurociência sobre o movimento humano, uma reunião de ideias:
- Livros
- Artigos
Sendo assim o conceito não é fechado, sempre
permitindo a entrada de novas informações com o objetivo final de explicar os
fenômenos que ocorrem na prática profissional, seja ela clínica ou num ambiente
de treinamento físico.
“Em última instância
podemos dizer que o uso do conceito de Drives Neurais é uma maneira de simplificar o raciocínio em fenômenos relacionados ao Controle Motor, sempre em
busca de otimizar os resultados”.
DESCRIÇÃO DE PALAVRAS
O que é drive – Entrada, unidade ou local
de armazenamento de dados, geralmente representado por uma letra no Windows.
Por exemplo, o drive C, o drive A, etc.
Ainda pode se referir ao dispositivo físico
associado à unidade de armazenamento, drive do leitor de CD/DVD, onde você
insere o disco.
Em
relação ao movimento humano, o principal exemplo são os captores posturais (Ex: Olhos, ouvido
interno) geradores de entradas de informações relacionadas ao ambiente
externo e os proprioceptores (Ex: Fuso muscular,
órgão tendinoso de golgi), geradores de informação em relação ao ambiente
interno (Entrada
de informações = “Inputs” na língua inglesa).
Portanto, ao usarmos técnicas e ferramentas que influenciem e/ou modifiquem estas entradas de informações, estaremos em última instância "conversando com o cérebro", tendo uma maior probabilidade de sermos bem-sucedidos nas correções que fazemos nos clientes/pacientes/atletas.
Portanto, ao usarmos técnicas e ferramentas que influenciem e/ou modifiquem estas entradas de informações, estaremos em última instância "conversando com o cérebro", tendo uma maior probabilidade de sermos bem-sucedidos nas correções que fazemos nos clientes/pacientes/atletas.
Fuso Muscular e Órgão Tendinoso de Golgi |
O que é driver – Drivers são arquivos responsáveis pelo funcionamento de um determinado dispositivo. A função do driver de um dispositivo é aceitar requerimentos do software (do programa que está para ser rodado) e cuidar para que a solicitação seja executada, permitindo que o software interaja com o dispositivo, ou seja, o driver permite que os dois conversem:
Dispositivo ↔ Programa
Um
exemplo é acionar um determinado grupo muscular em reação ao estímulo visual de
chutar uma bola. O jogador de futebol não pensa em como vai executar as ações,
apenas executa, recorrendo às suas experiências prévias e programas motores
reforçados através do aprendizado e treinamento contínuo. Essa prática
especializada constante acaba reforçando os engramas motores que são acionados
de maneira automática a partir da entrada da informação visual, isto é, quando
o jogador visualiza a bola.
Então,
podemos afirmar que sem o Driver nenhum Hardware poderá funcionar, pois sem
ele, não haveria comunicação entre os equipamentos.
DRIVES NO MUNDO CANINO
Como colocado antes, um Drive pode ser entendido como
um local de armazenamento de um programa (uma série de comandos que
desencadeiam uma ação), no caso tratado neste artigo, uma série de comandos que
desencadeiam uma ação motora (Drives Neurais Motores). Os cães, por
exemplo, vêm de fábrica com uma série de comandos armazenados (drives)
que determinam seu comportamento em diversas situações:
Drive de caça:
É o impulso de perseguir objetos em movimento e
agarrá-los, muitas vezes sacudindo-os com a boca em um típico movimento para
“matar a presa”. Filhotes já mostram este comportamento quando perseguem uma
bola ou brincam de cabo de guerra com um pano.
Drive de defesa:
É o impulso que gera atitude agressiva, de
autoproteção, contra uma ameaça ou perigo percebido. A intensidade deste
impulso é uma característica genética de cada cão e não pode ser treinada.
Drive de luta:
Pode-se definir este impulso como a interação da
caça (rapidez) com a defesa (intensidade), gerando no cão um desejo de iniciar
uma confrontação com o oponente, buscando demonstrar superioridade.
DRIVES NEURAIS MOTORES
A palavra “Drive” poderia ser traduzida nesse contexto por: “Direcionador”. Um Drive é uma direção de comando elétrico, uma ordem de comandos elétricos, digamos assim, para executar determinadas funções de maneira automática.
Portanto, os Drives Neurais Motores são “Direcionadores de Movimento”. Uma série de conexões entre unidades motoras (O axônio do neurônio motor e as fibras musculares por ele inervadas – imagem ao lado) que compartilham uma mesma função no movimento. Seria um “Engrama Motor”, digamos assim.
Um engrama é uma rota, um mapa, um circuito, uma série de ligações entre neurônios (sinapses) responsável por determinadas funções. A cada vez que necessitamos executar essas determinadas funções, aquela rota, aquele mapa, aquele engrama é acionado, tornando-se cada vez mais automatizado, permitindo uma execução mais rápida e eficiente, poupando espaço de armazenamento de dados no cérebro.
Dizendo em outras palavras, o neurônio que é acionado em primeiro lugar na cadeia rapidamente aciona o segundo através da liberação de neurotransmissores, dessa forma os dois ficam presos em um “braço fisiológico”, e assim vamos construindo a memória e o aprendizado.
Podemos
sintetizar o escrito acima com o resumo da Lei
de Hebb:
“Neurônios que estão conectados disparam (são ativados) juntos”
Em
seu livro: The Organization of Behavior (1949), Hebb lança as bases teóricas da
neuroplasticidade, a capacidade que o cérebro tem de se reorganizar, de
modificar esses engramas a medida em que as condições das tarefas mudam, é uma
maneira de adaptação a novas circunstâncias enfrentadas por todos nós.
Nas
palavras do próprio Hebb:
“Não, está tudo errado, não existe a ditadura do neurônio único, o que existe é a democracia do circuito neural, onde cada neurônio tem uma importância muito pequena, em que é só o conjunto dos milhões de neurônios, distribuídos por todo o cérebro, que verdadeiramente define qualquer que seja a função neural que você queira estudar ou definir”.
Circuito neuronal. Mc Govern Institute, MIT Department
of Brain & Cognitive Sciences.
|
Portanto,
se as pessoas se acostumaram a repetir os mesmos padrões de movimento, isso
significa que estão alimentando os mesmos circuitos cerebrais – os mesmos
engramas motores – com disparos elétricos sempre na mesma direção, com as
mesmas respostas químicas. Um ciclo que se perpetua podendo gerar dor e
disfunção.
O
resultado é que as pessoas passam a funcionar como computadores velhos, que só
rodam os mesmos softwares.
Dentro
desse contexto, podemos decodificar as informações que chegam ao cérebro (em relação à
atividade motora) em uma representação de 0 e 1. Como em uma linguagem binária, em que cada caractere equivale a um bit (abreviação de binary digit, ou dígito binário em inglês).
No nosso esquema de linguagem binária para as atividades motoras:
No nosso esquema de linguagem binária para as atividades motoras:
0 = Natural
1 = Não
Natural
Zero: Um engrama motor básico, que o cérebro percebe como “Natural” (existem outras denominações, como: básico, primitivo, etc.). Essa
informação é percebida como natural pelo cérebro, baseado na nossa sequência
normal de desenvolvimento motor (marcos
motores).
E também em movimentos instintivos como
puxar, empurrar, carregar, etc.
Os marcos motores, ou sequência desenvolvimental, é um conceito desenvolvido pela Escola de Praga. A partir de muitas influências dessa escola (Karel Lewit, Vladimir Janda, Vaclav Vojta) o fisioterapeuta checo Pavel Kolar desenvolveu o DNS - Dynamic Neuromuscular Stabilization, um conceito que pode ser utilizado no treinamento e tratamento para restaurar as funções de estabilização de locomoção. Esse conceito se utiliza das posições que vamos desenvolvendo ao longo de nossos primeiros 18 meses de vida aproximadamente (a figura abaixo mostra algumas das posições).
(Aos que quiserem ler um pouco mais sobre o assunto, podem conferir este outro artigo publicado aqui: Sequência Neurodesenvolvimental).
Os marcos motores, ou sequência desenvolvimental, é um conceito desenvolvido pela Escola de Praga. A partir de muitas influências dessa escola (Karel Lewit, Vladimir Janda, Vaclav Vojta) o fisioterapeuta checo Pavel Kolar desenvolveu o DNS - Dynamic Neuromuscular Stabilization, um conceito que pode ser utilizado no treinamento e tratamento para restaurar as funções de estabilização de locomoção. Esse conceito se utiliza das posições que vamos desenvolvendo ao longo de nossos primeiros 18 meses de vida aproximadamente (a figura abaixo mostra algumas das posições).
(Aos que quiserem ler um pouco mais sobre o assunto, podem conferir este outro artigo publicado aqui: Sequência Neurodesenvolvimental).
Resumindo:
O Sistema Nervoso Central percebe os
movimentos baseados nos marcos de desenvolvimento motor como funcionais.
Sendo assim, têm prioridade no momento
de resgatarmos movimentos, seja em um contexto de reabilitação ou de
treinamento. Pois ao serem percebidos como naturais, eles tem muito maior probabilidade de serem integrados ao nosso sistema ao serem realizados após uma correção ser feita.
Um: Um engrama motor “Não natural”, não fazendo parte da sequência de desenvolvimento
motor (marcos motores). Seria nesse
caso um movimento aprendido.
Resumindo:
O Sistema Nervoso Central não percebe esses
movimentos como funcionais.
Portanto viria depois do zero no contexto de reabilitação ou treinamento.
Portanto viria depois do zero no contexto de reabilitação ou treinamento.
Portanto:
Em primeiro momento, deveríamos fornecer aos
indivíduos sob nossos cuidados movimentos que o cérebro perceba como naturais (aqueles movimentos que fizeram parte do
nosso desenvolvimento motor).
Para em segundo momento fornecermos aos indivíduos
atividades mais complexas, os movimentos não naturais.
Breve a segunda parte do artigo,
falando sobre alguns diferentes tipos de drives neurais motores e exemplos que
podem ter utilidade prática....
Boa abordagem...
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