Boa leitura a todos!
Princípios do Movimento #3
Gray Cook
PRINCÍPIO 3:
"Avaliações biomecânicas e fisiológicas não fornecem uma completa análise dos riscos de lesão, ou uma ferramenta de avaliação diagnóstica para uma compreensão abrangente de comportamentos dos padrões motores."
Como profissionais, temos tentado resolver problemas de capacidade física com soluções que tem como objetivo capacidades físicas. Temos tentado aumentar habilidades específicas de movimento através de mapas detalhados de habilidades que são frequentemente praticadas nos limites da capacidade física. Estas práticas são valiosas se conseguirem identificar o elo mais fraco na cadeia de movimentos. No entanto, se elas simplesmente identificam problemas de habilidades e capacidades físicas causadas por algum problema de movimento fundamental (N.T: aqui Gray Cook refere-se a padrões fundamentais ou primitivos de movimento. Aqueles desenvolvidos na primeira infância, que são frequentemente perdidos em algum momento de nossa evolução motora, frequentemente já no início de nossa vida adulta), o foco somente nessas áreas, na realidade obscurece a rachadura na fundação inteira. Não é o telhado que está rachado, o porão é que está.
Essa é a minha maneira de dizer que o fato de eu ser proponente de uma análise de movimento não significa que eu desmereça testes de segundo ou terceiro nível. Para mim testes de segundo nível são testes baseados em performance: testes metabólicos, testes de capacidades físicas. Testes de terceiro nível seriam testes relacionados a habilidades desportivas específicas.
(N.T: Gray criou um esquema gráfico onde ele dispõe os 3 níveis citados no texto acima, ele chama o esquema de pirâmide de performance, que reproduzo abaixo).
PIRÂMIDE DE PERFORMANCE |
Se o seu VO² máximo é o melhor do mundo, mas você ainda não consegue vencer uma maratona, talvez o problema seja a sua mecânica de corrida. Talvez o problema seja a sua estratégia.
Existem diferentes camadas que temos que desconstruir e reconstruir nas pessoas que aconselhamos e treinamos.
Muitas vezes eu vou ver alguém com problemas de performance, seja de ficar mais forte no supino ou aumentar a resistência em um determinado esporte. Existe um erro fundamental ali. Nós frequentemente buscamos potência quando na realidade o que existe é uma eficiência pobre. Se não somos eficientes na maneira pela qual nos movemos, tornarmo-nos mais fortes realmente não nos dará mais potência porque as rodas estão patinando (N.T: aqui o termo em que traduzi como potência era horsepower, referindo-se a potência de um carro).
As pessoas que treinamos frequentemente demonstram um ganho extraordinário ou uma grande melhora em apenas poucas semanas. Não deveríamos ser tão ingênuos a ponto de pensar que suas capacidades aumentaram tanto no pouco tempo em que as treinamos. Ao invés disso, precisamos perceber que as fizemos mais eficientes. Nos ajudamos os seus músculos a se coordenarem com os respectivos programas motores do cérebro, para que não haja rigidez ou restrições desnecessárias e que elas não estejam lutando contra si enquanto se movimentam.
Muitas vezes quando não temos testes baseados no movimento e vemos deficiências em capacidades físicas ou habilidades, imediatamente oferecemos mais capacidade física ou mais treinamento técnico (N.T: referindo-se a treinamento técnico específico de alguma modalidade). Tenho visto isto acontecer muito em cursos de golfe, quatro instruções a mais para o swing (N.T: movimento de balanço do golfe), mas a pessoa não consegue nem se equilibrar no pé esquerdo.
Atrevo-me a dizer que aprender a equilibrar-se no pé esquerdo, provavelmente traria maior efeito no swing do que qualquer dica verbal dada em cima daquela base defeituosa. Isto não desvaloriza treino técnico; apenas aponta para a hierarquia citada anteriormente.
Competência no movimento vem primeiro. Capacidade física em segundo. Usando estas duas para então desenvolver movimentos baseados em habilidade técnica ou especialização, vem em terceiro
Podemos trabalhar nos três ao mesmo tempo. O que não podemos é colocar carga em um padrão de movimento que tenha uma base que não é sólida. E é sobre isso que este princípio do movimento trata. (N.T: Como Gray costuma dizer: "Não adicionar força em cima de disfunção").
Olá Prof. Marcus!
ResponderExcluirParabéns pelo conteúdo do blog!
Abraços!
Edu