quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 2

Segunda parte do artigo sobre condicionamento físico escrito pelo Joel Jamieson, assim como na parte 1, ele disponibiliza uma série de links com artigos e vídeos, então nestas 2 partes existe MUITA informação a respeito de condicionamento físico que vale a conferida.

Aos que não leram a parte 1, aí vai o link: O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 1. 

Boa leitura aos amigos.




O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 2
Joel Jamieson


5. Melhore o Movimento
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O mundo do fitness tem visto um enorme aumento da importância de movimentos fundamentais sólidos nos últimos anos. Quase que da noite para o dia, termos como "Treinamento Funcional" começaram a dominar a indústria.

Embora não haja dúvidas que a mudança de ênfase tenha feito mais bem do que mal, isso as vezes tende a colocar um foco em áreas do movimento que nem sempre têm uma transferência no desempenho e no condicionamento físico.

O que quero dizer com isso é que avaliar e trabalhar para melhorar movimentos com a carga corporal somente, pode certamente oferecer um bom e valioso retorno de informação (N.T: Retorno de informação, tradução da palavra em inglês "feedback", que também é muito usada no português), qualidades de movimento também precisam ser avaliadas sob altas cargas, altos níveis de fadiga e também no desempenho dos movimentos esportivos.


Não há dúvida que ser fundamentalmente sólido e eficiente em todos movimentos irá ajudar a melhorar o condicionamento, mas claro que o mais importante destes movimentos são aqueles que de fato acontecem no esporte de escolha de cada um.

Isto significa que você deveria usar avaliações de movimentos que abrangem padrões de movimento gerais, assim como aquelas que são inerentemente específicas aos movimentos do seu esporte ou objetivos.

Aqui vai uma grande dica que pretendo aprofundar em um futuro próximo: Como seu corpo move quando está fadigado é altamente treinável. Forçar o corpo a um estado de fadiga não deveria ser visto apenas como um teste de resistência mental, mas também como uma oportunidade de redefinir a maneira pela qual o corpo reage à fadiga.

Isto é o que realmente significa "treinamento funcional" - ou ao menos é o que deveria significar.

Para ver alguns grandes exemplos de como construir qualidade de movimento, confira estes vídeos do Dr. Gerry Ramogida e Kendal Yonomoto:

Joint Mechanics: The Foot
Joint Mechanics: The Knee
Joint Mechanics: The Hip
Joint Mechanics: The Shoulder

Med Ball Training for Movement

Med Ball Training for Movement: Part II
Med Ball Training for Movement: Part III


6. Use Intensidades Altas e Baixas
Nos últimos anos, parece haver um culto ao "sem dor sem ganho" (N.T: Ditado em inglês, também popular no Brasil: "no pain, no gain"). Junto a isso a ideia de que quanto maior a intensidade melhor. 

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Não pare quando machuca, pare quando tiver terminado.

Por outro lado, os métodos de baixa intensidade ganharam uma má reputação. Por que treinar de maneira "longa e lenta" quando se pode ter os mesmos resultados na metade do tempo usando alta intensidade?

A realidade é que existe espaço para usar ambos, alta e baixa intensidade. Não somente se deveria usar ambos, mas a maneira como se organiza os métodos de alta e baixa intensidade também é crítica. 

Por exemplo, uma sessão de baixa intensidade pode ajudar na recuperação do sistema nervoso após um dia exaustivo de alta intensidade, OU levar a uma lesão por uso excessivo (N.T: Overuse) e impedir uma melhora contínua caso seja usado como único método de treino.

Da mesma forma, uma sessão de alta intensidade pode fornecer um estímulo apropriado para a melhora do condicionamento e aumentar a reserva de potência anaeróbica, OU pode levar ao overtraining e diminuir a performance se usado como único método de treino.

Ainda que eu seja frequentemente conhecido como o cara que trouxe de volta para a discussão métodos de baixa intensidade, com artigos como: Roadwork 2.0 e meu livro: Ultimate MMA Conditioning, a verdade é que em qualquer esporte que requeira um equilíbrio de força, potência e resistência, existe a necessidade de mais do que apenas um nível de intensidade. Se eu tenho prestado mais atenção para intensidades mais baixas nos últimos anos é somente porque o trabalho em intensidade mais baixa parece estar sob mais ataque.

É mais difícil convencer alguém da importância de um treino sustentável e de um planejamento a longo prazo do que estimulá-lo a terminar uma sessão de exercícios a qualquer custo.
Caso em questão: o crescimento da CrossFit.

Felizmente, a maré parece estar mudando de volta a uma abordagem mais balanceada, porque qualquer um que passe mais do que alguns meses tentando treinar em alta intensidade todo o tempo, inevitavelmente acabará atingindo um platô e irá se machucar cedo ou ou tarde.
Uma abordagem de treinamento mais sensível e inteligente, usa uma variedade de intensidades ao longo do tempo para construir o corpo sem lentamente ir se quebrando ao mesmo tempo.

Se você quer ver em primeira mão como eu arranjo sessões de treino de alta/baixa intensidades em uma amostra de programa, confira:
Programa de Condicionamento Físico de 4 semanas.

Se quiser realmente entender o que sessões de alta e baixa intensidade estão fazendo por você em termos de desenvolvimento dos sistemas energéticos, confira:
A Verdade a respeito dos Sistemas Energéticos.

Se quiser aprender mais a respeito do efeito do treinamento intervalado de baixa intensidade, mais um artigo que pode ajudar:
Putting an End to the Long Slow Distance vs. High Intensity Interval Training (HIIT) Debate.

Para cobrir os vários métodos intervalados que podem ser usados nos treinos de alta e baixa intensidade, confira estes artigos e vídeos:

Para mais informação sobre treinamento de alta/baixa intensidade, mais este artigo: High-Low Training



 7.  Se mantenha saudável



Primeiro e único, o ponto chave na prevenção de lesões é entender que é necessário uma abordagem multifacetada para alcançar isso. Enquanto coisas como autoliberação miofascial, alongamento, terapia manual, exercícios corretivos, etc. São peças importantes do quebra-cabeças, o valor de gerenciar o estresse, monitorar o treinamento, ter um programa nutricional sólido, ter um sono adequado, etc. Não pode ser exagerado quando se trata de se manter saudável e prevenir lesões.

Prevenção de lesões diz respeito a duas coisas: Iniciar tudo com o estado mental certo e entender seu corpo. Entender seu corpo vem de prestar atenção a como você responde ao treino, sono, nutrição, estresse mental, viagens, etc. Todo atleta deveria manter um registro detalhado de treinamento onde estas coisas são monitoradas.

No que diz respeito à estado mental, o mais importante é evitar a mentalidade "mais é sempre melhor" que é uma praga nos programas de treinamento de muitos atletas. A quantidade certa é suficiente, e muito além disso na maior parte das vezes causa mais danos do que benefícios. 

Então, como saber qual é exatamente a "quantidade certa"?
Bem, isso inicia com o princípio sobre o qual falaremos a seguir: Monitoramento e Gerenciamento.
Materiais sobre recuperação e prevenção de lesões:


8.  Monitoramento & Gerenciamento


Com o rápido crescimento na disponibilidade e acessibilidade da tecnologia portátil hoje em dia, tornou-se razoável para cada atleta monitorar a si mesmo e fazer com que seus programas sejam mais efetivos. Monitores de frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca, rastreadores de atividade, GPS, etc. Têm feito com que seja mais fácil do que nunca monitorar, gerenciar, e coletar retorno de informações biológicas que podem ser usadas para aprender a respeito do corpo e individualizar o programa.

Existem 2 pontos chave para fazer este tipo de tecnologia funcionar:
1) Não inicie tentando monitorar tudo e qualquer coisa. Coletar mais dados do que você é capaz de lidar somente irá levar a mais confusão. Com o passar do tempo, você pode passar a incorporar mais ferramentas, comece de maneira simples. 

Se quer iniciar com apenas uma ferramenta de monitoramento, medir a Variabilidade da Frequência Cardíaca, usando o BioForce HRV por exemplo, é a melhor para se começar porque mede a prontidão para o treinamento e ajuda a medir o impacto de tudo, desde o treinamento até a nutrição, sono, tudo em um único número.

A partir daí, as próximas ferramentas para adicionar seriam as que permitem medir o volume, intensidade e stress de suas sessões de treinamento. Um bom monitor de frequência cardíaca, algo como o Polar RS300, junto com o PUSH band, são os 2 melhores produtos desta categoria. O monitor pode ajudar a medir o efeito de treinamento de qualquer tipo de trabalho cardiovascular e a PUSH band faz a mesma coisa em relação à exercícios de força.

2) O segundo ponto chave para fazer esse tipo de tecnologia funcionar é começar a usar.

Frequentemente, pessoas e equipes coletam um monte de dados, mas nunca fazem nada com esses dados. Se você for gastar dinheiro e tempo para coletar dados, então você deve usá-los para melhorar seus resultados.  

Um monitoramento efetivo e uma estratégia de gerenciamento deveria funcionar para reduzir a quantidade de adivinhação que ocorre na maioria dos programas. Você não deveria ter que adivinhar o que fazer hoje, ou se perguntar se realmente está melhorando ou não.

Assim como não sairia dirigindo através do país sem um GPS para ajudá-lo a chegar ao destino, não há necessidade de vagar sem rumo no seu programa de treinamento, se perguntando quando os resultados vão aparecer.

Dê uma olhada nestes artigos e vídeos para ter uma ideia melhor de como usar estas tecnologias, a fim de tirar o máximo de seu programa de treinamento:



Aqui vai o que fazer agora...

Por mais de 15 anos tenho ajudado atletas de todos os níveis a melhorar seu condicionamento ao fazer nada mais do que seguir os princípios que descrevi acima.

Não existe fórmula mágica, nenhum super segredo e nenhuma pilula mágica no que diz respeito à condicionamento....mas a verdade é que nada disso é necessário, porque os princípios básicos são incrivelmente efetivos quando são seguidos como descrevi acima.

Tire algum tempo, veja todos os recursos disponibilizados neste artigo e inicie avaliando seu programa em comparação para ver o que está faltando.

Você entende realmente as demandas específicas do esporte para o qual está se preparando?

Os métodos usados estão baseados em ciência e levando o corpo a se adaptar da maneira certa?

Você está tirando vantagem das últimas tecnologias como o HRV (N.T: Heart Rate Variability: Variabilidade da Frequência Cardíaca) para eliminar a adivinhação e parar de perder tempo?

Se a resposta a qualquer uma dessas perguntas é não, então comece a arrumar seu programa aos poucos. Encontre o que está atrapalhando o desenvolvimento do seu condicionamento e faça as mudanças necessárias para consertar.

Sejam quais forem seus objetivos ou habilidades, não há dúvida que seu condicionamento pode ser melhorado, e isso pode ser feito rapidamente, fazendo nada mais do que seguir os princípios simples que descrevi ao longo deste artigo.

Agora é tempo de trabalhar...

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 1

Artigo do Joel Jamieson falando sobre condicionamento físico, ele é considerado um especialista no assunto por vários profissionais americanos, trabalha bastante com atletas de MMA, inclusive escreveu um livro muito bom sobre o assunto (Ultimate MMA Conditioning) vale a leitura não só para aqueles que trabalham com atletas de MMA , mas por todos que se interessam sobre condicionamento físico. Aos que quiserem dar uma conferida no site do cara: 8 Weeks Out. Ele aborda o panorama geral do assunto de maneira um pouco mais aprofundada, além de linkar diversos vídeos e outros artigos.

Como o artigo é extenso, dividi em 2 partes para facilitar a leitura, mas os que quiserem ler na íntegra no original em inglês, aí vai o link: The Ultimate Conditioning Guide.

O Guia Definitivo do Condicionamento Físico - Parte 1
Joel Jamieson

Se você já leu algum de nossos artigos, deve ter notado um tópico comum. Na verdade, a maioria de nossas postagens são elaborações de alguns princípios fundamentais do condicionamento físico e fitness. A verdade é que ter um grande condicionamento físico não é assim tão difícil como algumas pessoas acham que é, mas também é muito mais do que treinar sempre até cair no chão, como muitas pessoas fazem frequentemente. 

Para ajudá-lo a saber o quão fácil é ter uma boa forma física, eu repassei a seção inteira de artigos de nosso site (N.T: 8weeksout) para dar a você....


O Guia Definitivo do Condicionamento Físico

Existem 8 princípios fundamentais do condicionamento destilados a partir de mais de 15 anos de trabalho com atletas de elite de diferentes esportes, de todas as partes do mundo.


1. Conheça as demandas do seu esporte
dave-tenney 


Isto parece ser simples, mas é impressionante quantas pessoas focam em treinar o sistema energético errado para seu esporte (falaremos mais a respeito no #5).
Quais as demandas específicas que seu esporte coloca no corpo?

Ele é primariamente curto e explosivo por natureza; duração mais longa com baixa produção de potência, ou alguma mistura de ambos?

O primeiro e mais importante princípio de todos é que você precisa iniciar por verdadeiramente entender as demandas dos sistemas energéticos do seu esporte ou do seu objetivo em particular. 

Aqui vai uma dica: Se seu esporte tem duração maior do que 60 segundos de atividade, terá um componente aeróbico enorme.  

Em outras palavas, se você é um atleta de combate e está se preparando para 3 assalto de 5 minutos cada, então porque ficar fazendo sparring 8-10 assaltos direto? A maneira certa de fazer isso, presumindo que você quer fazer 8-10 assaltos, seria treinar 3 assaltos de 5 minutos, descansar 10-15 minutos ou mais e então lutar outros 3 assaltos e assim por diante. 

Seus esforços no treino serão muito melhor recompensados se você verdadeiramente entender as demandas energéticas totais e o ambiente do esporte, então preparar o corpo para isso.

O primeiro e mais importante princípio é iniciar compreendendo as demandas energéticas do esporte ou do objetivo em particular

Para chegar ao fundo da questão de saber exatamente as demandas do seu esporte, você pode iniciar com estes recursos:




Uma vez que tenha entendido o que é necessário para seu esporte, pode começar a descobrir o que precisa melhorar. O que nos leva ao número 2....


2. Avalie suas Fraquezas

Todos gostamos de treinar áreas em que somos bons, mas isso não irá contribuir no quadro geral de ter um bom condicionamento físico. Muitos atletas têm falhado em melhorar ao longo dos anos porque usam todo seu tempo de treinamento no que já são bons enquanto negligenciam as coisas em que têm mais dificuldade.
Essa é uma grande receita para treinar duro, mas não para treinar de maneira inteligente.

É de vital importância avaliar o condicionamento físico, para que se possa entender e minimizar as fraquezas dentro do contexto do seu esporte.

De novo, seu foco deveria ser treinar para as demandas do seu esporte, então claro que não existe razão para sair em corridas de longa distância se sua avaliação mostra que lhe falta resistência, mas você está treinando para uma prova de arremesso de peso.

Como pareceria sua avaliação?


A resposta é, depende do seu esporte. Uma das coisas mais importantes para se ter em mente no entanto, é que a avaliação deveria ser relacionada com a performance do esporte ou relacionada ao seu objetivo. Todos testes e avaliações do mundo não farão bem algum se os resultados tem pouco a ver com a performance no mundo real. 

Você pode ver um exemplo simples de como eu uso testes e avaliações para me ajudar a guiar a programação checando este Programa de Condicionamento de 4 Semanas (grátis). No vídeo 1, falo sobre algumas avaliações básicas que se transferem para a maioria dos esportes que requerem um equilíbrio de força, potência e resistência.


3. Siga um Programa de Treinamento
Week 4
Frequência Cardíaca de Repouso abaixo de 60 e/ou Variabilidade da Frequência Cardíaca abaixo de 80 - Exemplo de Treinamento Semanal. 
Treinando de maneira cega sem um mapa que lhe mostre onde quer chegar é uma perda de tempo. Existem muitas maneiras eficientes de se treinar e ver os resultados que deseja.

O treino deveria ser estruturado de maneira que os benefícios de cada sessão tenham um efeito cumulativo. Isto significa que a racionalização por trás da sessão diária e onde ela se encaixa no panorama geral deveria ser definida claramente antes de se entrar na academia.

Não é suficiente apenas treinar duro e esperar que os resultados simplesmente apareçam. Isso é igual investir dinheiro cegamente no mercado financeiro e esperar ficar rico, apenas porque fez um investimento. Ser bem sucedido requer uma abordagem inteligente, e assim como é necessário investir o dinheiro sabiamente se queremos que ele cresça, é preciso investir o tempo sabiamente se realmente se quer que o condicionamento melhore. 

Usar algum programa aleatório que alguém colocou online não é a maneira mais eficiente de treinar (e frequentemente é perigoso). Seu programa deveria ser específico À seus objetivos, em que período está da temporada, histórico de lesões, etc.

Resumindo, tenha um plano e se assegure de que foi projetado para você. Se não sabe como fazer um plano de treinamento ou quer ser melhor nisso. Eu tenho alguns recursos disponíveis:

UMMAC
Ultimate MMA Conditioning (N.T: Esse é o livro que o Joel Jamieson escreveu, achei um livro muito bem fundamentado e bom de ler. Vale a conferida):
Você vai ter os detalhes de quais métodos e exercícios trabalham cada sistema energético, qual é o objetivo de cada método, como organizar os métodos dentro da semana de treinamento, como estruturar os programas tendo em vista o panorama geral dentro da especificidade de seu esporte, etc.


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Conditioning Blueprint: Junto com modelos de sessões de treinamento, você irá aprender os princípios básicos receber uma instrução passo a passo que irá fazer com que fique mais fácil montar programas de treinamento. Irá entender quais avaliações irão ajudar a escolher os métodos de treinamento certos, irá saber como estruturar blocos de treinamento e aprender[a com analisar e administrar o programa de treino em uma base diária, semanal e mensal.


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Free 4 week Conditioning Program: Esse é um curso intensivo na escolha de métodos de treinamento adequados. Irá receber um programa de 4 semanas grátis e eu irei guiá-lo através do que cada cada método e exercício realiza dentro do panorama geral.


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Bondarchuck Principles of Periodization: O Dr. Anatoly Bondarchuk é amplamente reconhecido com um dos melhores, mais bem sucedidos treinadores da história dos esportes. Nesta série de vídeos, analisamos os princípios por trás do sistema de programação de Bondarchuck, para que você possa aplicar seus conceitos ao seu próprio treinamento (Vídeo #1Vídeo #2;.Vídeo #3Vídeo #4). 


4. Combine os Métodos com os Objetivos
Aqui vai uma verdade simples: nem todos os métodos foram criados igualmente.

Frequentemente, as pessoas pensam que o processo de criação de um programa de exercícios é nada mais do um processo de escolha de exercícios, como se tudo que é necessário seja alguma combinação mágica de exercícios.

A verdade, no entanto, é que a efetividade dos exercícios depende da maneira como são aplicados, e é aí que os métodos de treinamento entram na jogada.
Os métodos definem como os exercícios deveriam ser desempenhados e isto é o que em última análise, dita os resultados que irão produzir.

Dependendo de seus objetivos de performance, habilidades, equipamento disponível, etc. existirão métodos que são melhor talhados para o que se está tentando atingir e outros que simplesmente não são.

O ponto de partida é entender como um método de treinamento funciona, o que causará de mudanças, como o corpo reponde a ele, como se encaixa no seu programa de treinamento, etc.

Não somente isso, mas os métodos deveriam variar dependendo do momento em que se encontra no ano de treinamento.

Para exemplificar o que estou falando em relação à métodos de treinamento, confira estes artigos e vídeos:

High Resistance Interval Training

Tempo Intervals ans MMA Fitness

Secrets of Muscular Endurance (particularmente o segredo #1)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Retardando a Perda de Potência Resultante da Idade

Artigo bem simples e básico, este já mais antigo, de 2008, quando não era tão comum, como é hoje, treinar potência com pessoas mais velhas.
Mesmo assim, acho que vale a leitura, principalmente na parte em que o Boyle fala no bom senso e nas escolhas certas a se fazer na hora de adicionarmos o componente velocidade ao treino de resistência de clientes com mais idade.


Aos que quiserem, aqui vai o link do artigo original: Delaying the Loss of Power as a Result of Aging.

Boa Leitura!



Retardando a Perda de Potência
Mike Boyle

O professor Joe Signorile é um homem em uma missão. Joe quer mudar a maneira pela qual treinamos nossos clientes mais velhos. Ele me impressionou. Após escutar sua palestra. Eu percebi que treinar potência para esta população não era somente uma boa ideia, era essencial. Deem uma olhada nestas estatísticas, tiradas de uma apresentação de Joe na NSCA Caribbean Clinic em 2003.
Entre as idades 65 e 89, potência dos membros inferiores decresce cerca de 3.5% por ano, comparado ao decréscimo de força muscular de 1 a 2% ao ano (Skelton et al. 1994).

O que isto significa? Significa que embora estejamos perdendo força, perdemos potência em uma velocidade quase duas vezes maior.
Interpretação: Realmente estamos ferrados se precisarmos nos mover rápido.
Em homens de mais idade, a potência anaeróbica máxima declina cerca de 8,3% por década entre os 20 e 70 anos (Bonnefoy et. al 1998).

Interpretação: Ele diz anaeróbico, não aeróbico. Todos estão entendendo? Perda de potência é um grande problema. Ninguém disse nada a respeito de aeróbicos.
Potência é uma das variáveis de performance com maior associação com independência em pessoas mais velhas (Foldvari et al. 2000), prevenção de quedas (Whipple et al. 1987) e reabilitação seguida à uma lesão (Lamb et al. 1995).


Implicações no Treinamento:
As pesquisas confirmam que o treinamento é específico à velocidade e portanto aumentos em potência e velocidade requerem que sejam abordados força e velocidade de contração. (Kanehisa e Miyashita, 1983; Coyle et al. 1985; Ciaizzo et al. 1986).

Interpretação: Clientes mais velhos que realizam treinamento de potência, serão mais independentes, cairão menos e se recuperarão mais rápido após uma lesão. Uma tríplice coroa.

O ponto central aqui é que precisamos esquecer essa baboseira a respeito de segurança e começarmos a descobrir como treinar potência com nossos clientes. Isto significa variações levantamentos olímpicos e saltos em profundidade para o vovô e a vovó? Provavelmente não.

O que significa é que precisamos introduzir o componente velocidade ao nosso treino, não somente para atletas, mas para todos nossos clientes. A grande questão não é se deveríamos, mas como podemos treinar potência com adultos mais velhos. Não existe melhor maneira de se treinar potência do que usar um equipamento especialmente projetado para isso. A linha de equipamentos da Keiser foi criada por Denis Keiser, um gênio muito a frente do seu tempo, para permitir treinar com velocidade com completa segurança.

Functional Trainer da Keiser

O MVP Shuttle, permite também treinarmos elementos de potência, assim como um velho implemento, a medicine ball.
MVP Shuttle
Na verdade, a medicine ball pode ser a ferramenta para treino de potência mais barata que podemos encontrar, oferece um grande custo x benefício.
Apenas lembre. Potência é relativa. O que constitui um exercício de potência para um atleta é um exercício de insanidade para o adulto médio. O contrário também é verdadeiro. O que pode ser um exercício de potência para um cliente mais velho pode ser chamado de um aquecimento dinâmico para um atleta. O ponto importante é que precisamos treinar o mais rápido que os nossos clientes sejam capazes de sustentar, se quisermos adiar a perda de potência prevalente no processo de envelhecimento.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Movimento dos Olhos

Outro artigo escrito pela Kathy Dooley, gosto muito desta série de anatomia que ela escreve no seu site: drdooleynoted.com. Aos que quiserem ler outros artigos sobre o mesmo tema adaptados para o português, podem achar aqui no blog e também no Blog da Fortius

Para os que preferem a leitura no original em inglês: Anatomy Angel: Eye Movement.
Boa leitura aos amigos!


Movimento Ocular
Kathy Dooley


Em todo tempo que passei aprendendo o movimento humano, nunca houve nenhuma ênfase a respeito da importância de observar o movimento do olho.
Então, no meu treinamento no curso nível III do NKT nós passamos horas estudando isso. (N.T: O NKT - Neurokinetic Therapy é um método que usa os testes musculares isolados manuais, ao estilo Kendall & Kendal com princípios tirados da Cinesiologia Aplicada).

Eu fiquei fascinada em como o movimento ocular é conectado à padrões de movimento globais.

6 músculos extraoculares rodam o olho ao longo de 3 eixos de movimento. 4 músculos de orientação reta (N.T: Músculo reto: superior, inferior, medial, lateral) envolvem o olho, fornecendo movimento norte/sul, leste/oeste. 2 músculos de orientação oblíqua fornecem angularidade ao movimento (N.T: Músculo oblíquo: superior e inferior).







Olhe para baixo, para o seu dedo mínimo do pé. Os pequenos músculos extraoculares não tem nem a metade da espessura e comprimento desse dedo. Ainda assim, estes músculos trabalham com o sistema vestibular para mostrar onde estamos no espaço em relação ao horizonte. 

Diferentes músculos estão encurtando e alongando a todo momento para coordenar o movimento dos dois olhos. Esta figura abaixo mostra como os músculos trabalham juntos:


LEGENDA:
RS: Reto Superior
RL: Reto Lateral

RM: Reto Medial
RI: Reto Inferior
OI: Oblíquo Inferior
OS: Oblíquo Superior


Para onde se movem os olhos, a cabeça e a coluna tendem a ir atrás. Se você está sempre olhando para baixo, a cabeça e a coluna tenderão a cair em flexão. O mesmo se aplica ao se olhar para cima e para os lados, com a cabeça e a espinha seguindo o movimento ocular.

Se o objetivo desejado do movimento requer rotação em determinado eixo, o cliente pode ser ensinado a fazer com que os olhos liderem o movimento (N.T: Fazendo com que o cliente olhe para um determinado ponto que sirva de referência e que coincida com o objetivo do movimento desejado. EX: Se o movimento requer uma rotação, ao cliente pode ser dito: "Olhe para o extintor de incêndio atrás de você").

O mesmo se aplica quando se quer prevenir um determinado movimento. Se o seu objetivo é não deixar o cliente estender demais a lombar em determinado movimento, não deixe que ele olhe muito para cima.

Movimento neutro do olho = tendência de uma coluna neutra.

Se algum paciente/cliente tem intolerância à flexão da coluna lombar, ele precisa ser ensinado a evitar ficar olhando muito tempo para baixo.

Movimentos globais podem ser ensinados em relação ao movimento do olho. Se o objetivo é ensinar um cliente/paciente a engatinhar com uma coluna neutra, eu quero que ele olhe para frente, com bom centramento da coluna neutra. Não quero essa pessoa olhando para 
baixo OU para cima se o neutro é o objetivo.



Se existe muita extensão lombar no kettlebell swing, não deixe o cliente olhar muito para cima.

Se está difícil de manter uma boa sincronicidade de ativação do núcleo (N.T: Núcleo, tradução em português da palavra em língua inglesa "core") para poder respirar calmamente, para caminhar ou correr - para onde o cliente está olhando?

Dê ao movimento do olho um dia de sua atenção e veja os resultados que irá obter por si mesmo. Então, ensine seus clientes/pacientes como usar este movimento reflexo do olho para melhorar padrões de movimento globais.


Como sempre, é com você.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Anatomia do Trapézio Superior

Outra peça sobre anatomia da ótima Kathy Dooley, quiroprata, anatomista, instrutora da Neurokinetic Therapy.
Por ter extensa experiência em dissecação, Kathy escreve muitos artigos sobre relações anatômicas em seu site: drdooleynoted.com.
No site da Fortius, há outro artigo traduzido desta série: Conexões do Psoas.

Aos que quiserem ler o original em inglês: Anatomy Angel: Upper Trapezius.

Boa leitura aos amigos.

Anatomia do Trapézio Superior
Kathy Dooley



O trapézio é um músculo fascinante que assiste no movimento e estabilidade espinhal, assim como no movimento do ombro.

Este músculo leva seu nome em virtude da sua aparência trapezoide. Ele se origina no crânio, estendendo seu comprimento até a última vértebra torácica (meio das costas).
Ele se direciona lateralmente para inserir na parte espinhosa posterior da escápula e na parte pontuda, o acrômio, assim como na clavícula.

Este músculo é considerado um músculo dos membros que move o ombro e o pescoço, com pouca habilidade de mover o meio das costas. Através de suas conexões fasciais, ele com certeza estabiliza o movimento espinhal, primariamente no plano sagital.
Este músculo é um potente extensor.
O trapézio é o único músculo dos membros inervado pelo nervo cranial - mas não é inervado pelo tronco cerebral.

O ramo ventral (nervos motores e sensoriais) vindo da 1ª a 5ª vértebras cervicais, sai da espinha e toma um rumo ascendente para entrar no crânio, apenas para sair do crânio e atingir as placas motoras (N.T: Placa motora é a junção da extremidade de um ramo do axônio, com a célula muscular). Que é onde estes ramos inervam o trapézio e o esternocleidomastóideo.
Então, o trapézio é inervado pela parte superior do pescoço. Compressão articular de baixo nível nesta área, leva a uma facilitação aumentada das fibras superiores do músculo.

Nós adquirimos esta curva do pescoço quando começamos a tentar sustentar a cabeça para cima após nascermos. 

Muitos de nós ainda estão usando o pescoço para dominar o movimento.
Sustentar a cabeça foi uma de nossas primeiras grandes conquistas. Somos programados para buscar estabilidade e movimento ali.


O trapézio superior tem a função de elevação e rotação superior da escápula, assim como flexão lateral e extensão cervical. Basta imaginar um encolhimento de ombros para ver a ação do trapézio superior.

Este músculo está em uma relação de força com o trapézio inferior e serrátil anterior para a poderosa ação de rotação superior da escápula.

Mas quando há compressão do pescoço ou o trapézio superior está trabalhando demais (N.T: Do termo em inglês "overused"), esta azeitada relação de forças é perturbada. Uma vez que o trapézio insere na clavícula e no acrômio, ele acaba influenciando no movimento da articulação acromioclavicular. Esta articulação permite movimentos acima da cabeça.

Então, o mesmo músculo que facilita movimentos acima da cabeça, pode na realidade impedi-los quando está sobrecarregado. Se é permitido ao trapézio superior ser dominante nos movimentos, a biomecânica do ombro é alterada significativamente. Instabilidade do ombro irá se seguir logo.

Então, a maior parte dos problemas do ombro se inicia como problemas do pescoço. Lembre-se: É o trapézio superior que se insere no pescoço e no crânio. Se você está focado na mecânica do ombro sem levar em consideração o pescoço, você está perdendo informações importantes.

Avalie o pescoço.

Então, avalie o sistema de forças do trapézio superior/trapézio inferior com o serrátil anterior. Inicie aqui, depois parta para outros motores primários do ombro, como o peitoral maior e grande dorsal. Sem esquecer dos estabilizadores, como os músculos do grupo manguito rotador (N.T: Supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor e subescapular).

Mas não pule o pescoço e a coluna. Na verdade eu encorajo as pessoas a começarem a investigar ali. Se seu cliente ficar inquieto do porque você não estar avaliando o "ombro", explique a parte anatômica do trapézio superior e suas inserções, assim como a inervação que vem do pescoço.


Como sempre, é com você.