terça-feira, 10 de julho de 2012

Princípios do Movimento - Número 1

Vou começar uma série que apresenta os 10 princípios do movimento listados por Gray Cook em seu livro Movement, o meu amigo Professor Cesar Silva, sócio-proprietário do Studio Fitness em Bragança Paulista, fez a gentileza de traduzir esta primeira parte e me colocou na obrigação de ter que publicar os nove restantes, conto com a ajuda do amigo para finalizar a empreitada, afinal foi tu que começaste.
Boa leitura aos amigos!

Princípios do Movimento #1
Gray Cook


PRINCÍPIO 1: Separe sempre que possível padrões de movimento dolorosos dos padrões de movimento disfuncionais, para criar clareza e dar perspectiva.

A dor produz a inconsistência no comportamento e na percepção dos movimentos. Portanto, não devemos exercitar em torno da dor ou no local doloroso, esperando que ela melhore, sem tentar controlá-la primeiro. A análise de movimento, em sua essência, é realizada para identificar a dor e situações que devem ser adequadamente avaliadas antes de se pensar nos exercícios e em programas de treinamento e condicionamento. A avaliação dos movimentos melhora perspectivas clínicas, separando dor e disfunção, dando igual enfoque na disfunção do movimento para administrar a interdependência regional (N.T: Interdependência Regional significa que o que acontece em uma articulação tem a capacidade de afetar outras articulações).

A Análise Funcional do Movimento (Functional Movement Screen - FMS) separa a dor, praticamente excluindo-a, pois se o movimento provoca dor, essa avaliação é nula. A Avaliação Seletiva Funcional do Movimento (Selective Functional Movement Assessment - SFMA), a parte médica ou clínica da análise do movimento, passa então a atuar.
(N.T: O SFMA é a contraparte clínica ou médica do FMS, é usada exclusivamente por profissionais clínicos e habilitados a isso, que eu saiba ninguém aqui no Brasil usa e nem temos cursos disso ainda. Os padrões de movimento avaliados são bem parecidos com os do FMS só que a perspectiva é outra e os objetivos também. O SFMA é uma ferramenta diagnóstica usada para saber o que está errado no sistema e porque aquele indivíduo está com dor. A partir daí o clínico irá usar suas habilidades no tratamento do indivíduo, quanto aos exercícios corretivos são praticamente os mesmos usados para o FMS, e ambos FMS e SFMA integram o sistema idealizado por Gray Cook e seus colaboradores - FMS: Functional Movement Systems).

Existem duas situações. Se o indivíduo já sabe que determinado movimento provoca dor, vamos direto para a avaliação clínica, SFMA, que pode ser parte do instrumento de avaliação. Por outro lado, o FMS é voltado basicamente para pessoas que são assintomáticas e não tem qualquer dor, mas gostariam de uma orientação um pouco mais específica criando um perfil antes de um protocolo de treinamento em si.

Muitos de nós não atingimos nossos objetivos no treinamento. Às vezes não tem nada a ver com nosso trabalho ou nossos esforços; talvez só não estejamos apontando na direção certa. A análise do movimento ajusta nossos objetivos, descobre a dor, mas também exige que entendamos um pouco mais sobre isso.

A dor é algo que muitas vezes é associada ao movimento. Uma vez que venho treinando e trabalhando nos últimos 30 anos sobre o adágio “no pain, no gain” (N.T: Sem dor, sem ganho. Isso é tão popular que quase não precisamos de tradução), fica difícil ouvir de um preparador físico, de um fisioterapeuta ou de um entusiasta do esporte, que é necessário separar a dor do movimento.

É o que eu aprendi com relação a aprendizagem motora. É o que eu também aprendi com a prática clínica há algum tempo, que me diz que você não vai atingir seus objetivos trabalhando em torno da dor ou com dor. É melhor separar um tempo para compreender isto.

Agora, não estou falando de deixar de treinar num dia em que seus músculos estão doloridos ou rígidos; como já tinho dito antes no livro Athletic Body in Balance. A dor que estamos falando é reproduzível, é consistente e está, geralmente, localizada em torno de uma articulação.

Dor articular, ao contrário de dor muscular, é um sinal vermelho! Dor muscular normalmente melhora quando realizamos um aquecimento adequado, rolo de espuma para liberação miofascial ou exercícios de alongamento; às vezes o melhor remédio para a dor muscular de um bom treino ou competição é realmente se mover de novo. Más não é disso que estamos falando.

Estamos falando de dor aguda ou de dor associada à vermelhidão e inchaço. Se você se mover contra esse tipo de dor ela irá revidar, dificultando seus ganhos e objetivos. Ela irá revidar mais forte e vai vencer. Precisamos então, de uma maneira sistemática separarmos a dor do movimento para que saibamos qual é o problema.

Eu gostaria de dizer a vocês quantas mensagens de e-mail recebo com perguntas como, “Oi Gray, eu tenho uma dor lombar, que exercícios eu devo fazer?”
Uau, você deve pensar que eu tenho uma bola de cristal!

Eu não tenho idéia do que está causando sua dor nas costas. Não há um programa pré-definido para desfazer o que está acontecendo com você. Sua dor nas costas pode ser uma questão completamente diferente da de outra pessoa que está pronta pra me fazer a mesma pergunta dentro de minutos. Você precisa de mais informações, porque senão, a resposta será errada na maioria dos casos.

A primeira regra desse “negócio” é utilizar sistemas que se encaixam nesse princípio. Eu projetei o FMS e o SFMA especificamente para aderir a este princípio, e não projetei este princípio para trabalhar com estas ferramentas. Eu projetei estas ferramentas porque acredito neste princípio.